EPISÓDIO # 14 - HUMILDADE
- Carlos A. Biella

- 22 de nov. de 2020
- 1 min de leitura
Atualizado: 23 de jul. de 2023

Humildade.
Você sabe qual a principal virtude que temos que desenvolver para evoluirmos espiritualmente?
A humildade e esse é o tema do episódio de hoje.
Sejam todos muito bem-vindos e aproveitem.
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Saudações a todos
Este é o podcast Mundo Espiritual e eu sou Carlos Biella, daqui da cidade de Jataí, em Goiás.
A produção, edição e a apresentação são minhas e a arte das capas dos episódios são do Gustavo Crispim.
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Você já ouviu falar em George Washington Carver?
George Washington não é aquele primeiro Presidente dos Estados Unidos? Não, esse é outra pessoa. Aquele foi presidente dos EUA entre 1789 a 1797. Esse outro, nasceu em 1864, em Diamond Grove, no estado do Missouri, em uma fazenda de propriedade de Moses e Susan Carver. Era filho de uma negra escrava de nome Mary e muito pouco se sabe sobre o seu pai. O menino recebeu o nome do primeiro presidente dos EUA.
Quando George estava com alguns dias de vida, ele e sua mãe foram sequestrados por bandidos que aterrorizavam as fazendas do Missouri nos tempos da Guerra de Secessão. O Sr. Moses contratou um vizinho para tentar recuperar a mãe e o filho, mas seu vizinho só conseguiu encontrar o pequeno George.
Moses e Susan, então, criaram o frágil George, e deram-lhe o sobrenome Carver .
George saiu de Diamond Grove para cursar o ginásio e, posteriormente ganhou uma bolsa para a Universidade Highland, em Kansas, mas acabou sendo recusado por seu negro. Em 1889, entrou para a Faculdade Simpson, em lowa, e em 1891, transferiu-se para a Faculdade Agrícola estadual. Ele se formou com louvor em 1894 e concluiu o mestrado em ciências agrícolas dois anos depois. Juntou-se então, ao corpo docente da faculdade, mas deixou o cargo para trabalhar com Booker Washington, no Instituto Tuskegee, no Alabama, onde tornou-se Diretor de Pesquisas Agrícolas.
Na década de 1930, Carver já era reconhecido como um dos maiores cientistas botânicos do mundo. Ele publicava boletins anuais com conselhos agrícolas e também montou uma sala de aula portátil em um vagão para levar suas recomendações aos fazendeiros pobres. Com o passar dos anos, Carver recusou ofertas de trabalho muito bem remunerados de outras organizações e permaneceu em Tuskegee. Homem humilde e de fala mansa, ele teve um papel primordial na transformação dos Estados Unidos em um dos produtores de alimentos do mundo.
Era um homem de fé e orava sempre a Deus, pedindo ajuda, quando era necessário. Conta uma história que certa vez, teve um sonho em que pedia a Deus que lhe revelasse todos os mistérios do Universo. Deus lhe respondeu que isso seria muito além de sua capacidade de suportar. Em seguida pediu a Deus que revelasse os segredos do planeta Terra. Deus disse que isso era impossível, pois sua mente não tinha capacidade para alcançar tamanha quantidade de informações. No sonho, Deus lhe disse que pedisse algo mais viável e George disse que já que não podia conhecer tudo sobre o universos e do mundo, ensina-me tudo acerca do ser humano. A resposta de Deus foi negativa mais uma vez, dizendo que o ser humano seria muito profundo para ser explicado a ele. Sentindo-se frustrado e ainda em sonho, pegou um amendoim e pediu a Deus que lhe revelasse tudo sobre um simples amendoim. E Deus respondeu: Agora sim, ai está algo que é de minha criação e que é do tamanho da capacidade humana. Leve-o ao seu laboratório e o estude que eu o guiarei.
Assim, Carver desenvolveu 325 produtos derivados do amendoim e mais de 100 outros produtos, derivados da soja e da batata-doce, libertando o sul dos EUA de sua dependência exclusiva do algodão, contribuindo para um grande desenvolvimento da região. A maioria de seu trabalho se deu dentro de um laboratório que ele chamava de "Pequena Oficina de Deus", pois era ali que ele conversava com o Criador de todas as coisas.
Conseguiu ensinar suas descobertas para os dirigentes africanos, que contribuíram para minimizar o problema da fome naquele continente. Até hoje seus princípios e descobertas são utilizados por inúmeros setores industriais. Nunca patenteava suas descobertas, alegando que se Deus lhe havia dado gratuitamente esses conhecimentos, como ele poderia vendê-los para alguém?
Como estamos falando dos anos 1930, ao fundo temos um jazz, ritmo muito difundido nessa época, e que chegava para fazer frente ao blues. Aqui temos a música Take the “A” train (pegue o trem “A”), música composta em 1939, por Duke Ellington, com letra de Billy Strayhorn.
Duke Ellington ou, simplesmente, "The Duke", foi um grande compositor de jazz, pianista e aqui se apresenta com sua orquestra.
George Carver quis apenas viver o sonho bom de servir à sua gente e ao seu tempo, convicto de que, ao enviá-lo para a vida, Deus tinha planos a respeito dele. E tinha mesmo. Como os tem para qualquer um de nós. Que cada um descubra seus caminhos e os siga.
Assim, George Washington Carver, um negro americano, filho de escravos, se tornou um grande cientista da área agrícola e indico, para quem gosta de biografias, o livro “O pequeno laboratório de Deus”, de Hermínio Miranda, onde o autor nos apresenta a trajetória de humildade e perseverança deste homem que, sabendo que Deus tinha planos para ele, viveu para servir a sua gente, os negros pobres dos Estados Unidos.
Ele foi uma pessoa dotada de extrema humildade. Conforme escreve o próprio autor, "não cortejou a fama, não buscou a glória e jamais cogitou de passar por herói". Trabalhou ao longo de toda sua vida e perseguiu os estudos com muita força de vontade. Não teve oportunidades além daquelas que conquistou para si mesmo. Seu objetivo era o de se educar e se desenvolver para ajudar os negros pobres dos Estados Unidos, recém saídos do regime de escravidão, desqualificados para o trabalho e relegados às margens da sociedade. Ao conversar com Deus durante as atividades em seu pequeno laboratório, repleto de flores, sementes e plantas, alcançou grande sucesso profissional, atingiu o objetivo de ajudar seus semelhantes e colocou, de fato, seu nome entre os de outros grandes cientistas norte-americanos.
Deus sempre lhe era um amigo a quem podia contar nos momentos de dificuldade e uma dessas ocasiões se deu quando ele estava tentando produzir as lixas de que necessitava para certos trabalhos de laboratório. Certa noite, em sonho viu uma oficina ambulante, onde um homem estava colocando roda num veículo. Ele aproximou-se e perguntou se o homem sabia fazer lixa.
- Sei - foi a resposta. (...) o que você está fazendo, está tudo certo. A única coisa que faltou é que você não ferveu a areia.
E, assim, ao acordar, pela manhã, George Carver estava com o problema das lixas resolvido.
Homem de fé, ele não se preocupava em seguir uma religião específica e entrava em qualquer igreja que encontrava nas cidades que visitava, pois dizia que Deus estaria em qualquer delas se estivesse também no coração da gente.
Humildade, talvez seja a principal virtude que temos que desenvolver para evoluirmos espiritualmente.
E buscando entender o significado da palavra humildade, busquei em dicionários e um dos significados foi: Qualidade de quem tem consciência de suas limitações.
Eita, será que nós temos essa qualidade?
Jesus enalteceu, muitas vezes, a virtude da humildade, que seria o reconhecimento de nossa pequenez diante do Universo. Mas, vamos pegar nossa máquina do tempo e vamos voltar lá para os tempos de Jesus.
Venham comigo
Aqui estamos, na casa de Levi. Os discípulos do Cristo eram muito visados pela multidão, por motivo do permanente contato em que tinham com o seu Mestre. Sempre havia pessoas os procurando em busca de auxilio e também em busca de trabalhar na divulgação da boa nova.
Pois bem, um pequeno grupo de infelizes está na casa de Levi, buscando mais explicações sobre o Evangelho do Reino, de modo a trabalharem com mais acerto na observância dos ensinamentos do Cristo. Vejam que Levi está manifestando certa estranheza e passa a falar com alguns desses visitantes. Mas, que podeis fazer na situação em que vos encontrais? Diz Levi.
Que poderás realizar, Lisandro, aleijado como és?!
E tu, Áquila, não foste abandonado pela própria família, sob o peso de sérias acusações?
E tu, Pafos? Acaso edificaria alguma coisa com as tuas atuais aflições?
Os três se entreolham cabisbaixos e humilhados.
Parece que somente agora estão a reconhecer as suas penosas deficiências. A palavra rude de Levi os despertara. Mas, Jesus dissera, nas suas pregações carinhosas, que seu amor viera buscar todos os que se encontrassem em tristeza e em angústias do coração. Eles queriam ser de Deus, vibrar com a exaltação das promessas do Cristo, porém, a palavra de Levi os desanimaram e os três acabam retirando-se em desalento.
Mas, veja ali, vem chegando Jesus, juntamente com André. Eles se encontram com Levi que está relatando o ocorrido, terminando alegremente a sua exposição, com estas palavras:
Que conseguiria o Evangelho do Reino, com esses aleijados e mendigos? Mas, lembrando-se de súbito que os demais companheiros eram criaturas pobres e humildes, acrescentou: É justo esperemos alguma coisa dos pescadores de Cafarnaum; são homens fortes e desassombrados e o bom trabalho lhes cabe. Não vejo, porém, como aceitar a contribuição desses desafortunados e vencidos que nos procuram.
Jesus, então, fixa o olhar no discípulo com profundo carinho e fala com bondade:
Levi, precisamos amar e aceitar a preciosa colaboração dos vencidos do mundo!
Se o Evangelho é a Boa Nova, como não há de ser a mensagem divina para eles, tristes e deserdados na imensa família humana? Os vencedores da Terra não necessitam de boas notícias. Nas derrotas da sorte, as criaturas ouvem mais alto a voz de Deus.
Até que a esponja do Tempo absorva as imperfeições terrestres, através de séculos de experiência necessária, os triunfadores do mundo são pobres seres que caminham por entre tenebrosos abismos.
E continuou Jesus falando sobre a Boa Nova...
E é exatamente no livro Boa Nova, de Humberto de Campos, sob psicografia de Chico Xavier, lançado em 1941, que encontramos essa passagem que acabei de relatar.
Logo após essa passagem, Jesus subiu com alguns de seus discípulos até um monte, onde uma pequena multidão o aguardava, ansiosos por sua palavra.
E Jesus iniciou dizendo...Bem-aventurados os pobres de espírito, pois que deles é o reino dos céus!
Jesus enaltecia aqui a virtude da Humildade, principal virtude que temos que desenvolver para evoluirmos espiritualmente. A humildade é o reconhecimento de nossa pequenez diante do Universo. Primeira virtude que temos que desenvolver para evoluirmos espiritualmente. Lembremos que Ele preferiu viver entre os humildes, escolhendo como seus próprios discípulos, pessoas humildes.
Só a humildade fará o homem reconhecer os seus erros e defeitos e a necessidade de melhoria interior.
Agora ouvimos a música As bem-aventuranças, como os irmãos Tim e Vanessa. Música de autoria de Sandra Miramar e Tim, que está no álbum Senhor das Estelas, lançado no ano 2000.
O reino dos céus é dos simples e Jesus, nosso guia e modelo, deu-nos o exemplo de simplicidade e humildade. Nasceu em meio aos animais e teve como primeiro berço, uma manjedoura de madeira. Viveu entre os simples. Escolheu pessoas humildes e de vida simples para seus discípulos e morreu, de maneira cruel, em uma cruz de madeira.
O Cristo, o governador do planeta, poderia ter vindo, conforme muitos esperavam, e, para algumas religiões, ainda esperam, como um grande rei, um general. Poderia ter nascido em um palácio, em um berço de ouro, mas nos deu, desde seu nascimento, exemplos de humildade.
Em uma passagem descrita no Evangelho de João (Jo 13:1-19), vemos Jesus a se colocar, como um servo, lavando os pés de seus apóstolos e dizendo: Vós me chamais Mestre e Senhor e dizeis bem, porque eu o sou. Se eu, Senhor e Mestre, vos lavo os pés, deveis igualmente lavar os pés uns dos outros no caminho da vida, porque no Reino do Bem e da Verdade o maior será sempre aquele que se fez sinceramente o menor de todos.
E seguiu dizendo: Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.
Ou seja, sejamos humildes e vivamos com humildade.
Pois bem, pesquisando músicas para este episódio, encontrei a música Humildade do grupo Reggae a Terra, composta por Pedro Dias, do álbum Amor e Paz, de 2016. Essa é uma banda mineira, de Teófilo Otoni, MG, que faz uma união entre estilos musicais como a música jamaicana, o Reggae, a música brasileira regional, o Blues e o Jazz.
Por que razão existe tanto preconceito racial e social?
Porque a escravidão? Porque dominadores e dominados?
Ter ou ser?
Lembrem-se que o ter pode gerar orgulho e soberba e no livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, de 1864, no capítulo VII, Bem aventurados os pobres de espírito, nas instruções dos espíritos, Lacordaire nos diz:
Ó rico! Enquanto dormes sob dourados tetos, ao abrigo do frio, ignoras que jazem sobre a palha milhares de irmãos teus, que valem tanto quanto tu? Não é teu igual o infeliz que passa fome? Ao ouvires isso, bem o sei, revolta-se o teu orgulho. Concordarás em dar-lhe uma esmola, mas em lhe apertar fraternalmente a mão, nunca. "Pois quê! dirás, eu, de sangue nobre, grande da Terra, igual a este miserável coberto de andrajos! Vã utopia de pseudofilósofos! Se fôssemos iguais, por que o teria Deus colocado tão baixo e a mim tão alto?" E exato que as vossas vestes não se assemelham; mas, despi-vos ambos: que diferença haverá entre vós? A nobreza do sangue, dirás; a química, porém, ainda nenhuma diferença descobriu entre o sangue de um grão-senhor e o de um plebeu; entre o do senhor e o do escravo.
Humildes, portanto, são todos os que abandonam as ilusões do mundo para se elevarem a Deus e George Washington Carver foi um destes. Negro, filho de escravos, hoje é reconhecido com um dos maiores cientistas botânicos norte-americano, mas sofreu, humildemente a intolerância racial de um tempo amargo, como foram os primeiros anos do século XX. Tinha um grande sonho de fazer com que negros e brancos pudessem trabalhar e viver em harmonia e dizia, a gente pode tocar música somente nas teclas brancas do piano, como tocá-la usando apenas as pretas, mas a harmonia só se obtém tocando brancas e pretas juntamente.
Desprezado em sua época, reconhecido posteriormente, assim caminha nossa vida, mas sempre dá tempo de se fazer uma reparação histórica...
Como aqui não temos preconceitos com músicas, aqui está um rap, a música Reparação histórica, do rapper e compositor Vitor Hugo Teixeira, mais conhecido por Delatorvi, mineiro de Nova Lima, música que faz parte do álbum A Vida de Emmett Till, de 2017. A música fala sobre a história dos negros pelo mundo e a necessidade de fazermos uma reparação histórica, sendo que, em um trecho da música, ele fala exatamente de George Carver.
Humildade, o reconhecimento de nossa pequenez diante do Universo e temos tantos outros exemplos de humildade, exemplos que arrastam como Gandhi na Índia e sua luta pela paz, irmã Dulce, Madre Tereza de Calcutá e nosso maior exemplo de humildade Chico Xavier, mas isso, ah, isso é assunto para outros episódios.
Este é o podcast Mundo Espiritual, criado para difundir a mensagem espírita através da internet.
Eu sou Carlos Biella e falo daqui da cidade de Jataí, em Goiás.
A produção, edição e a apresentação são minhas e a arte das capas dos episódios são do Gustavo Crispim.
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Aníbal Augusto Sardinha, o Garoto, estava praticamente esquecido no final dos anos 1960. Até que uma composição sua, Gente Humilde, recebeu letra póstuma de Vinícius de Moraes e contribuição de Chico Buarque. Então passou a ser muito conhecida na voz de Ângela Maria, a partir de 1970, com o LP Ângela Maria de Todos os Temas. Chico Buarque também a gravou no mesmo ano, no disco Chico Buarque de Hollanda, vol. 4. Então, vou finalizar o episódio com Gente humilde, no lindo arranjo do violão de Toquinho.
Mas, antes de finalizar, trago, humildemente, um trecho de Sobre o ouvir, do grande Rubens Alves, que está no livro Ostra feliz não faz pérola, de 2008:
O ato de ouvir exige humildade de quem ouve. E a humildade está nisso: saber, não com a cabeça mas com o coração, que é possível que o outro veja mundos que nós não vemos. Mas isso, admitir que o outro vê coisas que nós não vemos, implica reconhecer que somos meio cegos… Vemos pouco, vemos torto, vemos errado.
Fiquem todos em paz e até nosso próximo episódio.





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