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EPISÓDIO # 68 - CARAVAGGIO - UMA VIDA DE LUZ E SOMBRA

  • Foto do escritor: Carlos A. Biella
    Carlos A. Biella
  • 4 de set.
  • 13 min de leitura

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Caravaggio, uma vida de luz e sombra.


Em sua obra, a luz cortava a escuridão como uma lâmina e sua vida refletiu o jogo de luz e sombra de suas obras. Este episódio é sobre a genialidade do grande pintor Caravaggio. Sejam todos muito bem-vindos e aproveitem.

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Saudações a todos. Este é o podcast Mundo Espiritual. Eu sou Carlos Biella e a produção, edição e a apresentação são minhas e a arte das capas dos episódios é feita pelo Hugo Biella.

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No episódio # 6 do podcast Música da Alma, sobre a série televisiva Ripley, eu disse o seguinte: eu amei a série, com todas aquelas tomadas de cenas, as paisagens, tudo muito poético, além de imagens belíssimas de obras pintada por Caravaggio, o que acabou por mexer com minha curiosidade a respeito da vida do pintor italiano do período barroco. Suas pinturas são maravilhosas e sua vida, bem...deixa para um futuro episódio.

Pois então, aqui está um episódio sobre ele, Caravaggio.

E quem irá nos acompanhar neste episódio é o compositor italiano do período Barroco, Antonio Vivaldi. Vivaldi é considerado uma das figuras mais notáveis da música clássica mundial e viveu entre 1678 e 1741. Começamos com Op. 3 No. 8 do L'estro Armonico, um conjunto de concertos escritos em 1711 (https://youtu.be/7E-RTI-H2oI). 

Nascido em 1571, na Lombardia, Michelangelo Merisi, ficou conhecido pelo nome da região onde viveu, Caravaggio. Ele foi um artista que desafiou as convenções de sua época. Surgiu em um período de grande efervescência cultural e religiosa na Itália, o Barroco, e sua arte refletiu essa intensidade de maneira única. Sua vida foi marcada por brigas, prisões, exílio…e assassinato. Mas também por uma obsessão quase divina pela realidade humana.

Caravaggio trouxe para suas telas a crueza da realidade, a dramaticidade da fé e a humanidade dos santos. Suas obras não são apenas pinturas; são verdadeiros convites a sentir, a chocar e a questionar.

Parece que sua obra traz uma evidência quase que de um temor desafiador perante a morte. Talvez, um temor que o marcou já na infância, quando sua família buscou fugir da peste que assolava boa parte da Europa. Junto com sua família saiu de Milão e mudou-se para o vilarejo de Caravaggio. Mesmo assim, seu pai e seu tio morreram da doença. Com a morte do pai, sua mãe e ele foram amparados pelo patrão de seu pai, o Marquês de Caravaggio, Francisco Sforza, até a morte de Sforza, em 1583. Com cerca de 13 anos, Caravaggio e sua mãe, Lucia Aratori, retornaram para Milão e ele passou a ser aprendiz no estúdio do renomado pintor Simone Peterzano, com quem acabou por adquirir uma técnica excepcional. Após a morte de sua mãe, já no início dos anos 1590, muda-se para Roma, onde passou a conviver com vários artistas italianos.

Caravaggio chegou a Roma por volta de 1592, e rapidamente começou a chamar a atenção. No início, sua arte se focou em temas mais mundanos, com jovens retratados em cenas cotidianas, mas com uma intensidade psicológica que já denunciava sua genialidade. Ele não idealizava seus modelos; ele os tirava das ruas, com suas imperfeições e expressões genuínas.

Mas foi com a encomenda para a Capela Contarelli, na Igreja de São Luís dos Franceses, que Caravaggio explodiu. Eram obras enormes, pintadas nas paredes da igreja. Suas pinturas sobre a vida de São Mateus, incluindo "O Chamado de São Mateus" e "O Martírio de São Mateus", encantaram, mas também chocaram o clero. Sua obra “A Morte da Virgem” foi rejeitada por parecer real demais.

O uso revolucionário do chiaroscuro – o contraste dramático entre luz e sombra – se tornou sua marca registrada. Ele não pintava luz, ele pintava escuridão da qual a luz emergia, criando um impacto visual e emocional sem precedentes.

Em 1598, um aristocrata italiano chamado Maffeo Barberini, cultivava seu gosto pelas artes e seu amigo, o clérigo Francesco Maria del Monte que estava com um jovem artista sob sua proteção, sugeriu que Barberini lhe encomendasse um retrato.

O jovem artista era Caravaggio e a obra que ele pintou, retrata Barberini com 30 anos. Vinte e cinco anos depois, em 1623, Barberini tornou-se o Papa Urbano VIII.

Esta obra ficou de posse da família Barberini por 3 séculos e agora passou a fazer parte do acervo da Galeria Nacional de Arte Antiga, em Roma.

O chiaroscuro de Caravaggio não era apenas uma técnica; era quase uma filosofia. Ele usava a luz para destacar o que era essencial, para focar a atenção do espectador nos gestos, nas emoções e na dramaticidade do momento. Essa técnica evoluiu para o tenebrismo, onde as sombras dominam a tela, e a luz, quase como um raio, ilumina apenas detalhes cruciais.

Vejam a obra "Ceia em Emaús", onde a luz ilumina o rosto de Cristo e a surpresa nos rostos dos discípulos. Já a pintura "Decapitação de São João Batista", é uma obra visceral e crua, onde a luz apenas revela o horror da cena. Essa abordagem realista, quase brutal, incomodava alguns, mas fascinava outros. Caravaggio pintava santos com pés sujos e pessoas comuns, com a dignidade de figuras bíblicas, o que era, para a época, escandaloso e revolucionário.

Aqui temos Vivaldi com a sonata La Follia, composta em 1703 (https://youtu.be/7v8zxoEoA_Q).

A psicóloga e psicanalista carioca, Bela Malvina Szajdenfisz, escreveu o seguinte, num artigo sobre Caravaggio, intitulado O que a psicanálise tem a dizer sobre Caravaggio? (https://seer.unirio.br/psicanalise-barroco/article/view/7353.), que encontrei na internet:

A arte de Caravaggio seguiu os padrões temáticos barrocos, pois estes refletem estados de tensão da alma humana, como vida e morte, matéria e espírito, juventude e velhice, religiosidade e erotismo, naturalismo e ilusionismo, pecado e perdão e a forte presença do sentido trágico. No entanto, pode-se antever em Caravaggio um mais além. Ele conseguiu reunir a técnica e o porte da Renascença, rechaçar a palidez do Maneirismo dos pintores mais velhos, a quem considerava muito acadêmicos e lançou, com forte apelo emocional, um novo olhar para a pintura da época impondo uma linguagem realista e teatral nos seus temas, escolhendo para pintar, o instante mais dramático em cada cena. Seus efeitos de luzes sobre cenários sórdidos, seus personagens do povo, inclusive cadáveres como modelos para representar santos, sua reinvenção de temas tradicionais de uma forma inaudita, o fato é que Caravaggio foi além da apoteose do que viria a ser chamada “arte barroca”

Pois é, a vida de Caravaggio foi tão dramática quanto suas pinturas. Era um homem impetuoso, com um temperamento explosivo e propenso a brigas. Foi preso inúmeras vezes, por difamação, agressão, porte ilegal de espadas, brigas, entre outras coisas. Em certa ocasião, Caravaggio foi processado por atirar, durante um jantar numa taberna, um prato de alcachofras no rosto de um garçom com quem se desentendeu.

Em 1606, após uma briga, acabou matando Ranuccio Tomassoni, por razões que ainda se discute até hoje. Alguns acreditam que tenha sido motivado por conta de um jogo. Outros dizem que teria sido motivado por conta da prostituta Fillide Melandroni, prostituta que servia de modelo para Caravaggio e que teria se envolvido com Tomassoni. Por conta deste crime, o próprio papa sentenciou Caravaggio à morte, obrigando o artista a fugir de Roma, tornando-se, assim, um foragido. Os anos seguintes foram de exílio, mas também de uma intensa produção artística.

Mesmo em fuga, Caravaggio pintava freneticamente. Em Nápoles, Malta e Sicília, ele continuou a criar obras-primas, muitas delas com um tom mais sombrio e introspectivo, refletindo sua própria angústia. "Os Sete Atos de Misericórdia", pintada em Nápoles, é um exemplo da complexidade e profundidade que sua arte atingiu. Em Malta, ele produziu sua obra final, a já citada "Decapitação de São João Batista", uma de suas maiores e mais impactantes obras. Ela é sombria, silenciosa... quase um grito contido.

A obra de Caravaggio pode ser vista como um espelho que reflete não a perfeição, mas a humanidade como ela é: bela, trágica e violenta.

“O Sepultamento de Cristo” é uma das obras mais icônicas de Caravaggio, encomendada para a Capela Vittrice na igreja de Santa Maria in Vallicella, em Roma. A obra captura um momento crucial da narrativa cristã com um realismo profundo e uma carga emocional intensa. A combinação do realismo brutal, das expressões humanas e do jogo de luz e sombra torna essa pintura uma das mais poderosas representações da arte barroca. Caravaggio, através de sua técnica inigualável e narrativa visual impactante, consegue transformar uma cena bíblica em uma reflexão sobre fé, mortalidade e redenção.

A pintura retrata o momento em que o corpo de Cristo é descido da cruz. O uso do chiaroscuro foi usado aqui de maneira magistral. A iluminação destaca os personagens principais, enquanto o fundo é mergulhado em escuridão, criando uma atmosfera de luto e mistério. A cena é composta por seis figuras: Cristo, Nicodemos, João Evangelista e as três Marias, a de Nazaré, a de Magdala e a de Cleofas. Cada um expressa uma gama profunda de emoções. Nicodemos, que segura o corpo de Cristo, é uma figura de destaque e alguns críticos sugerem que seu rosto poderia ser um autorretrato de Caravaggio.

Sem dúvida, “O Sepultamento de Cristo” é uma obra-prima de Caravaggio, capturando um momento capital do que viria a ser o Cristianismo, mostrando um realismo profundo e trazendo uma intensa carga emocional.

A temática religiosa foi recorrente em seus trabalhos, retratando figuras bíblicas, especialmente ligadas à história de Jesus. Caravaggio usava rostos comuns que encontrava nas ruas para compor suas pinturas, preferindo usar poucas cores e finas camadas de tinta, aplicando a tudo um forte realismo dramático, utilizando a luz para atenuar o rosto de seus personagens, contrastando com um fundo escuro que os dava maior vivacidade. Sem dúvida ele sabia usar os efeitos de luz e sombra, o chiaroscuro, com maestria.

Caravaggio demonstrava ter uma relação muito pessoal com as pessoas que usava como modelo, que seriam amigos, amantes e parceiros de bares, jogos e prostíbulos. Ele colocava uma característica bem interessante quando usava modelos que não eram, vamos dizer, indicados pela igreja ou pela burguesia. As unhas retratadas nas pinturas apresentavam-se sujas, o que indicariam que aquelas pessoas que ele utilizava como modelo, seriam simples trabalhadores.

Na obra “A Ressurreição de Lázaro”, Caravaggio retrata com técnicas tenebristas o horror, a nudez e a morte.

Em uma matéria que encontrei na Reuters, publicada em 2012, diz ser esta a pintura mais assustadoramente bela de Caravaggio.  A pintura foi feita na Sicília, entre 1608 e 1609, ficando abrigada durante séculos na Igreja dos Padres Crociferi em Messina, antes de ser transferida para o museu daquela cidade.

A pintura mostra o instante em que Cristo aponta para Lázaro morto, que está sendo segurado nos braços daqueles que o exumaram e choca porque mostra que “um braço esquerdo de Lázaro está mole, como se ainda estivesse morto, e seu braço direito está ligeiramente elevado, como se para receber a energia que dá a vida do dedo indicador de Jesus”, mas esse tipo de obra não era comum na época, porque não era permitido aos homens nem satirizar o sagrado, muito menos expor a nudez de um corpo exumado. Existe uma história que Caravaggio exumou um corpo que havia sido recentemente enterrado para pintar de forma mais realista.

Aqui a composição Concerto for 4 Violins in B minor, que também faz parte do conjunto de concertos L’estro Armonico (https://youtu.be/SY3Kxf7ZTeI).

Do ponto de vista espiritual, a vida de Caravaggio, com seus altos e baixos, e sua arte, com sua dramaticidade e realismo, são testemunhos da complexidade da jornada humana e espiritual. Ele nos lembra que a arte é um portal para o invisível, um espelho das emoções humanas e um convite à reflexão sobre a luz que emerge da escuridão.

Contemplando suas obras, podemos ir além da técnica e nos conectar com as mensagens profundas que seu Espírito, com todas as suas nuances, buscava transmitir.

Caravaggio nos ensina que mesmo as almas em tormenta carregam luz. Também nos ensina que a arte, quando sincera, pode ser um espelho da alma em sua jornada de crescimento.

Ele nasceu numa Itália em meio a peste, seus pais morreram quando ele ainda era muito jovem, traumas estes que marcam sua vida e, principalmente sua obra. Importante lembrar que, pela doutrina espírita, o Espírito pode escolher encarnar em ambientes difíceis para acelerar sua evolução moral.

Em todo caso, é provável que essas perdas, vividas na infância, tenham aprofundado traumas e impulsos instintivos que acabaram por influenciar sua obra.

Enfim, a luz que invade a escuridão da sombra nas telas de Caravaggio, pode nos dar um paralelo com o despertar espiritual, quando o Espírito se afasta da matéria em busca de sua evolução.

Caravaggio, em suas obras, não suaviza, ele desnuda e, talvez isso mostre o processo de enfrentamento que todos precisamos para evoluir.

No artigo Cabeça de Medusa: de Caravaggio a Freud e Lacan– sobre pintura e psicanálise, do médico, psicanalista e filósofo, Anchyses Jobim Lopes, publicado na revista Estudos de Psicanálise em 2019, encontrei uma citação à forma de pintar de Caravaggio:

Sob a forma de figuras divinas, santos e mártires, retratou pessoas comuns com roupas da época, os pés sujos e intensas emoções. A violência deste realismo é uma das características revolucionárias e pulsantes de Caravaggio. Outra era não fazer esboços a lápis como Michelangelo ou Leonardo. Pintava diretamente sobre a tela após algumas marcações ou incisões, sempre utilizando modelos vivos. Na maioria das vezes, suas santas e Nossas Senhoras, eram duas prostitutas – Filide Melandroni e Lena – imortalizadas pela arte.

Já que falei sobre Medusa, sua pintura Cabeça de Medusa é, na minha opinião, a mais fantástica dele. Trata-se de um óleo sobre tela em um escudo. É provável que Caravaggio tenha pintado duas versões da cabeça da Medusa, a primeira em 1596 e a segunda uns dois anos depois.

Alguns textos dizem que usou como modelo, seu amigo Mario Minniti, enquanto que outros dizem que seria um autorretrato.

O cardeal Francesco Maria del Monte, que era protetor de Caravaggio, teria presenteado Fernando de Medici com a obra.

É uma obra impactante, apresentando a cabeça decepada de Medusa, com um realismo que impressiona. A cabeça decepada parece ganhar vida própria e o que mais impressiona são os olhos saltados, os dentes à mostra de uma boca aberta e imóvel, como se estivesse acabado de emitir um grito silencioso.

Caravaggio viveu uma vida repleta de brigas e desentendimentos, mas, ao mesmo tempo, foi amparado e protegido por influentes patronos de Roma, como Del Monte e o Marquês Giustiniani, além de alguns de seus amigos serem homens refinados e cultos.

Se a sua obra refletia sua vida, sua morte não ficou fora de discussão. Existe, até hoje, muita controvérsia a respeito de sua morte. Biógrafos divergem se teria sido por exaustão, por consequência de ferimentos de uma briga ou por uma doença que o acompanhava há muitos anos, provavelmente malária ou sífilis. Alguns pesquisadores dizem que teria ocorrido por envenenamento crônico pelo mercúrio e chumbo das tintas utilizadas. Alguns dizem que seu corpo teria sido encontrado na praia ou mesmo que teria morrido no hospício da Confraternita di San Sebastiano em 1610. De todo modo, sua morte, aos 38 anos, se deu em Porto Ercole, na costa da Toscana, onde foi enterrado quase como indigente no cemitério de São Sebastião. Alguns escritos apontam que Caravaggio estaria retornando, numa pequena embarcação, a Roma para pedir o perdão papal, levando suas economias e algumas obras suas que seriam presenteadas a seus benfeitores romanos. Porém, ao desembarcar em Porto Ercole, cerca de 40 km de Roma, Caravaggio foi confundido com outra pessoa, sendo, então, detido pela polícia. O barco em que ele estava, parte dali, levando todos os seus pertences.

De qualquer modo, parece ter sido em Porto Ercole que chegara ao fim a história de Caravaggio e, por ironia do destino, sem saber de sua morte, dias depois era tornado público seu perdão pelo Papa.

Em 2010, foram exumados materiais deste cemitério numa tentativa de identificar os restos de Caravaggio. Uma equipe de cientistas italianos do “Comitê Caravaggio” anunciou a identificação dos restos mortais do pintor, por análises de DNA e testes de carbono-14. Após a conformação, seus restos mortais foram enviados de volta à Porto Ercole, onde se encontram em um museu.

Em setembro de 2018, um estudo identificou que a morte de Caravaggio teria sido provocada por uma infecção causada pela bactéria Staphylococcus aureus, infecção esta contraída a menos de um mês de sua morte, graças a ferimentos, talvez decorrentes de uma briga, onde teria sido atingido por uma espada.

Aqui temos o Concerto Grosso em Lá Menor (https://youtu.be/_Eyr5pkI884).

Sua morte precoce e sua vida tumultuada deixaram um vácuo, mas seu impacto na arte foi imenso e duradouro.

Caravaggio influenciou gerações de artistas, os chamados "caravaggistas", que espalharam seu estilo por toda a Europa. Rembrandt, Velázquez e Rubens, de alguma forma, foram influenciados pela sua luz e sombra, por seu realismo rude e sua dramática intensidade. Caravaggio não só mudou a forma como a arte era feita, mudou a forma como a arte era sentida, tornando-a mais humana, mais palpável e, paradoxalmente, mais divina.

Para mim, uma das obras que mais gosto é “Narciso”, concluída por volta de 1597-1599. Caravaggio retrata o mito grego de Narciso, um belo jovem que se apaixonou pela própria imagem refletida nas águas de um lago, onde se joga e morre, sendo transforman numa flor. A pintura é de um realismo fantástico e dramático, ao mesmo tempo. Caravaggio utiliza luz e sombra, magistralmente, enfatizando a figura de Narciso, criando um misto de introspecção e melancolia.

Existem pelo menos dois filmes que retratam a vida de Caravaggio. Um é britânico, de 1986, intitulado Caravaggio, dirigido por Derek Jarman, onde o pintor foi interpretado por Nigel Terry. O elenco conta ainda com nomes conhecidos como Sean Bean e Tilda Swinton.

Outro filme é italiano, de 2023, dirigido por Michele Placido, intitulado, A sombra de Caravaggio, com o ator Riccardo Scamarcio interpretando o pintor, com o elenco contando ainda com nomes como Isabelle Huppert, Louis Garrel e Vinicio Marchioni.

Existe ainda um documentário brasileiro, Caravaggio – O Mestre dos Pincéis e da Espada. Trata-se de uma produção da TV Cultura e Malabar Filmes, de 2012, dirigido por Helio Goldsztejn.

Existem, também, muitos documentários a respeito deste grande pintor italiano. Basta pesquisar na internet.

A vida de Caravaggio foi breve, mas sua obra continua a ressoar. Suas pinturas nos lembram que a beleza pode ser encontrada na imperfeição, que a luz pode emergir da mais profunda escuridão e que a arte, em sua essência, é um reflexo da complexidade da experiência humana.

Caravaggio retratava o aspecto mundano de eventos bíblicos, muitas vezes usando, como modelo, pessoas comuns que viviam nas ruas de Roma. Ele morreu jovem, mas sua arte sobrevive — desconfortável, poderosa e extremamente moderna. Ele nos lembra que a luz não existe sem a sombra. Sua luz vinha sempre com a ameaça da escuridão. Pintava com a urgência de alguém que sabe que pode morrer a qualquer instante.

E Caravaggio morreu como viveu: nas sombras. Mas sua luz, esta nunca se apagou, diferentemente da nossa, que vai se apagando por aqui...

Este é o podcast Mundo Espiritual e a produção, edição e a apresentação são minhas, Carlos Biella e o Hugo Biella é que faz a arte das capas dos episódios.

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Vídeo com as principais obras de Caravaggio: https://youtu.be/DhxAyoOXldo 

 

É, Caravaggio deve ter sido uma pessoa fascinante.

Foi um artista que viveu e morreu em completa harmonia com sua obra, entre a luz e a sombra.

Nós vamos ficando por aqui. Espero que vocês tenham gostado deste episódio e, para finalizar, uma frase atribuída ao próprio Caravaggio:

Você não deve apenas olhar para minhas pinturas, não deve apenas contemplá-las, você deve senti-las.

Fiquem todos em paz, procurem sair das sombras para a luz e até o nosso próximo episódio.


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