EPISÓDIO # 27 - ORAÇÃO DE SÃO FRANCISCO, A ORAÇÃO PELA PAZ
- Carlos A. Biella

- 21 de out. de 2021
- 1 min de leitura
Atualizado: 23 de jul. de 2023

Oração de São Francisco, a oração pela paz.
É uma oração que todos conhecem. Nos dá a receita para uma vida melhor, para nós mesmos e para o mundo todo. Na Itália é chamada de Oração Simples, devido à sua simplicidade, mas é mais conhecida como Oração pela Paz ou como Oração de São Francisco. Esse é o nosso tema de hoje. Então, sejam todos muito bem-vindos e aproveitem.
CONTINUE LENDO...
Saudações a todos. Este é o podcast Mundo Espiritual. Eu sou Carlos Biella e a produção, edição e a apresentação são minhas. Já a arte das capas dos episódios é feita pelo Gustavo Crispim.
Ouça ou baixe o podcast, confira o conteúdo do episódio e entre em contato conosco. Confira os endereços na transcrição do episódio (https://podcastmundoespiritual.blogspot.com/ e http://mundoespiritual.podcloud.site/). Estamos também no Facebook (https://www.facebook.com/podcastmundoespiritual), Youtube (https://www.youtube.com/channel/UCvE-E-zthITBCsrNNJa0ytw) e Instagram (https://www.instagram.com/podcastmundoespiritual/).
Você também nos encontra nas diversas plataformas players de podcast.
Este é o Podcast Mundo Espiritual.
E antes de iniciar, o designer das capas dos episódios do podcast Mundo Espiritual, o Gustavo Crispim é um grande admirador de Francisco de Assis, então, esse episódio vai ser dedicado a você, meu amigo, e, porque não, a todos aqueles que tem admiração seja por Francisco de Assis, seja pela Oração pela Paz.
No dia 13 de maio de 2013, após a renúncia do Papa Bento XVI, o então cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio foi eleito como o novo Papa e escolheu o nome que utilizaria em seu papado, Francisco, inspirado no santo dos pobres e padroeiro dos animais, São Francisco de Assis.
Francisco de Assis foi canonizado como santo em 16 de julho de 1228, pelo Papa Gregório IX.
Em 1939, o Papa Pio XII o elevou a categoria de principal padroeiro da Itália.
Sua data comemorativa é o dia 4 de outubro.
Mas, afinal, quem foi Francisco de Assis?
Nascido na cidade de Assis, na Itália, em 1182, recebeu o nome Giovanni di Pietro di Bernardone. Era filho de Pietro Bernardone, um rico comerciante assisense e Joana de Bourlemont, nascida no norte da França, na região da Picardia, por isso era mais conhecida por Pica de Bourlemont. Seu pai esperava que o filho seguisse seus passos e se tornasse um comerciante, no entanto, Giovanni teria recebido um chamado divino para reconstruir a Igreja do Cristo e por isso, ainda jovem, deixou para trás sua vida e seus bens, passando a dedicar-se aos pobres.
Muitos o seguiram, inclusive Chiara d'Offreducci , que ficaria conhecida como Clara de Assis, uma rica jovem que também abandonou tudo e fugiu de casa para abraçar o ideal de pobreza e de serviço de Francisco, seguindo seus passos na missão de espalhar o amor, a esperança e a humildade por todo o mundo. Foi canonizada como Santa Clara de Assis, pelo Papa Alexandre lV, em 1255.
Lembro aqui que Clara de Assis teria sido uma das encarnações de Joanna de Angelis, mentora espiritual de Divaldo Franco.
Tanto Francisco como Clara são os fundadores de duas ordens religiosas, a ordem dos Franciscanos e a das Clarissas, que pregam a vida com simplicidade, visando auxiliar ao próximo.
A razão de Giovanni di Pietro ser conhecido como Francisco, é meio incerta. Uns indicam que seu pai, querendo homenagear a origem de sua esposa, que seria francesa, teria passado a chamar o filho de Francesco. Outros dizem que o menino, depois de uma viagem à França, teria ficado cativado pela vida francesa e, por isso, seus familiares teriam passado a chama-lo Francesco.
Mas, isso não importa.
Após ter participado de guerras, ter sido feito prisioneiro, Francisco recebeu um chamado de Deus, para que reformasse a igreja de São Damião em Assis.
Passou a doar seus bens para a reforma da igreja e ao se lançar no processo de reestruturação física do local, com ele próprio pondo a mão na massa, percebeu que estava passando por uma verdadeira reforma espiritual.
Contudo, seu pai não aprovava o movimento que estava empregando o que levou Francisco, um dia, na praça de Assis, a se despir e entregar suas roupas ao pai, ato esse que simbolizava seu rompimento com o mundo.
Nesse ato, Francisco teria dito: “As roupas que levo pertencem também a meu pai, tenho que devolvê-las”. E, após entregar suas roupas ao pai, disse: “Até agora tens sido meu pai na terra, mas agora poderei dizer: Pai nosso, que estais nos céus”.
Francisco passou a viver de esmolas que pedia pelas ruas de Assis
Pode-se dizer que, como em sua época, e ainda hoje, a indiferença das pessoas para com os mais pobres era grande, o que o levou a adotar esse estilo de vida quase como um movimento de denúncia.
Seus atos mostram que, para combater aquilo que fere a fé e a própria a vida, é preciso a pobreza como ideal de vida. Francisco entendeu que a paz era um projeto de vida.
Mas, as ações de Francisco de Assis se estenderam para além dos pobres, uma vez que mantinha estreita relação com a natureza e como os animais, daí ter sido considerado o padroeiro dos animais.
Dizem que os pássaros pousavam à sua volta para ouvi-lo pregar.
Francisco mostrava o que havia de bom e o bem do mundo, criado por Deus para o bom uso dos homens. Chamava a todas as criaturas de "irmãs" por serem também criadas pelo mesmo Pai.
Exaltava o irmão sol e a irmã lua e todos os animais, por serem criaturas também feitas com um propósito pelo Criador.
Assim, graças à sua pobreza voluntária, ficou conhecido naquele tempo e ainda hoje, também, como “il Poverello” (o pobrezinho).
Consta que em uma de suas meditações, em 14 de setembro de 1224, sentiu se instalarem em seu corpo as feridas que se fizeram no corpo do Cristo quando de sua crucificação.
Passou a ter várias enfermidades, quase ficando cego e sofria com terríveis dores de cabeça. Seu estado de saúde foi se deteriorando e em 1226 pediu ser levado de volta à Porciúncula, sua humilde residência em Assis, para que pudesse morrer entre os irmãos.
Assim, no anoitecer do dia 3 de outubro de 1226, faleceu rodeado de seus amigos e companheiros. Alguns relatos mais antigos dizem que um bando de aves veio pousar no telhado e cantou no momento de sua morte.
Dois anos depois, seu amigo e então Papa Gregório IX foi pessoalmente até Assis para canonizá-lo, tornando-o santo, em 6 de julho de 1228.
No livro Kardec prossegue, o autor Adelino da Silveira, pergunta a Chico Xavier: VOCÊ poderia nos dizer se Francisco de Assis era a reencarnação do Apóstolo João Evangelista?
Grande comunidade dos nossos companheiros espíritas cristãos admite essa realidade. Nós também acreditamos que a elevação de São Francisco de Assis foi a continuidade da obra de João Evangelista na divulgação da Obra do Cristo em todo o mundo, especialmente na vida ocidental. Creio que o assunto exposto é a expressão da verdade.
Um bom livro sobre Francisco de Assis é um ditado pelo espírito Miramez, sob psicografia de João Nunes Maia, intitulado Francisco de Assis, em cujo prefácio, Bezerra de Menezes, em julho de 1982 escreveu: Francisco de Assis viveu a mensagem do Evangelho de modo a consolidar a palavra Amor, fazendo-a sair da teoria e avançar para a prática do dia-a-dia. Não há jeito na Terra de se pensar e escrever sobre a Caridade, sem se lembrar do Homem da Úmbria: todos os caminhos por onde passou falam dele. Deixou impregnado no tempo e no espaço, nas coisas e na própria natureza, algo de divino, que somente o tempo poderá revelar no futuro, para a grandeza da fé.
Em resumo, a biografia de Francisco de AssiS, é muito bonita, mostrando sua ruptura com a burguesia do século XIII, simbolizada na figura de seu pai; a mudança após presenciar os horrores da guerra; sua decisão, após um chamado divino, de reconstruir a igreja do Cristo no serviço aos pobres e doentes.
Vários filmes se inspiraram na vida de Francisco de Assis, mas, talvez o mais conhecido é “Fratello sole, sorella luna” (Irmão Sol, Irmã Lua), de 1972, dirigido por Franco Zeffirelli, que mostra os encontros e desencontros entre Francisco e Clara.
A produção de Zeffirelli se destaca pela beleza, com uma linda fotografia de Ennio Guarnieri e a bela trilha sonora foi composta por Riziero Ortolani, com canções de Donovan.
E estamos ouvindo ao fundo o tema do filme de Zefirelli, Irmão Sol, Irmã Lua, composição de Riziero Ortolani, com a Orchestra da Camera Vivaldi di Valle Camonica, sob regência do Maestro Silvio Maggioni, numa apresentação ao vivo no Santuario delle Sante, em Lovere, na Itália, no ano de 2013. (https://youtu.be/kMa4navc9T8)
Bem, agora vamos falar dela, a Oração pela Paz que também é conhecida como sendo a Oração de São Francisco.
Mas, antes, gostaria de lembrar que o podcast Mundo Espiritual, também faz parte da programação do canal Sintonia no Bem. Aos sábados e domingos, às 7h30 da manhã, pelos Canais do SINTONIA no BEM, temos o PODCAST MUNDO ESPIRITUAL, comigo, Carlos Biella. Acesse SINTONIAnoBEM.com ou os canais do Facebook (http://www.facebook.com/SINTONIAnoBEM), YouTube (http://www.youtube.com/SINTONIAnoBEM) e Instagram (http://www.instagram.com/SINTONIAnoBEM).
Você pode baixar o aplicativo da rádio e caso queira entrar em contato conosco, use o WhatsApp +55 (64) 99603-1234. SINTONIA no BEM, sintonize-se conosco.
O teólogo e escritor Leonardo Boff, no livro A oração de São Francisco, uma mensagem de paz para o mundo atual, nos traz algumas considerações que irei utilizar aqui neste episódio.
Existe uma espiritualidade franciscana difusa no espírito de nosso tempo, nascida da experiência de Francisco, de Clara e de seus primeiros companheiros. Trata-se do caminho da simplicidade, da descoberta de Deus na natureza, do amor singelo a todas as criaturas, da confiança quase infantil na bondade das pessoas e na imperturbável alegria, mesmo em face dos dramas mais pungentes da vida humana.
Segue Leonardo Boff, dizendo que a Oração pela Paz constitui uma das cristalizações desta espiritualidade. Ela não provém diretamente do Francisco histórico, mas sim da espiritualidade do Francisco da fé, sendo seu autor no sentido mais profundo e abrangente da palavra. Sem Francisco de Assis, ela não teria sido formulada nem divulgada e muito menos teria se imposto como uma das orações mais ecumênicas existente. Ela é rezada por fiéis de todos os credos e por professantes de todos os caminhos espirituais.
Sua origem é controversa e cercada de mistério, podendo ser até mesmo considerada como de origem anônima. Mas, segundo algumas pesquisas que fiz, a maioria coloca como supostamente ter surgido em 1912. Um dos pesquisadores, o historiador francês Christian Renoux, autor do livro A oração pela paz atribuída a São Francisco, um enigma a ser resolvido, lançado em 2001 nos traz algumas revelações a esse respeito.
No ano de 1912, a oração teria sido publicada numa pequena revista católica da região da Normandia, na França, chamada La Clochette (a campainha, em alusão à pequena campainha usada durante a celebração das missas). Ela aparece, mais especificamente, na página 285 da edição de número 12, de dezembro de 1912. Foi publicada como sendo anônima e intitulada “Une belle prière à dire pendant la messe’ (Uma bela oração para se fazer durante a missa).
Foi publicada em Paris, através de uma associação católica, La Ligue de la Sainte-Messe (A Liga da Santa Missa), fundada em 1901 pelo padre francês, Esther Bouquerel e foi publicada anonimamente. Alguns alegam que ele, Bouquerel, teria sido o autor da oração.
Em 1915, a oração, juntamente com outras orações pela paz, foi enviada ao vaticano, para ser entregue ao Papa Bento XV, pelo marquês francês Stanislas de La Rochethulon, fundador do semanário francês católico Souvenir Normand. Não se sabe ao certo se as orações eram suas ou teriam sido somente coletadas por ele de vários locais.
Várias orações pela paz estavam sendo enviadas ao Papa, uma vez que estava ocorrendo o que viria a ser conhecida como a Primeira Grande Guerra Mundial, entre 1914 a 1918.
Esse envio pode ser comprovado pela existência de um bilhete do Cardeal Gasparri agradecendo ao Marques de La Rochethulon pelo envio das orações, em nome do Papa Bento XV.
Uma curiosidade é que todas as orações pela paz que estavam sendo feitas e envidas ao Papa, eram dirigidas ao Sagrado Coração de Jesus, uma devoção introduzida pela igreja católica no final do século XIX.
Interessante é que a intenção do Vaticano, com essa devoção ao Sagrado Coração, era trazer de volta uma dimensão até então esquecida do cristianismo: a humanidade do Cristo, sua misericórdia e seu amor incondicional, especialmente pelos pobres e pecadores. Isso fez com que na grande maioria das igrejas católicas do mundo todo, tenha sido introduzida uma estátua do Sagrado Coração de Jesus, aquela, com Jesus e seu coração à mostra.
Logo após receber as orações, a Oração pela Paz apareceu, agora em italiano, no jornal diário do Vaticano, L'Osservatore Romano, em 1916. Com isso ela acabou por ser conhecida e rezada pelos fieis do mundo todo, até ser transformada, ecumenicamente, numa oração utilizada por muitas religiões diferentes, que oram pela paz, seja ela social, ecológica ou individual.
Por volta do ano 1920, um padre franciscano francês de Reims, mandou imprimir um cartão contendo de um lado a Prière pour la paix (Oração pela Paz) e do outro lado, uma imagem de São Francisco de Assis. Neste cartão, a indicação da fonte da oração constava Souvenir Normand e havia uma frase no final da oração que dizia que “a oração resume os ideais franciscanos e, ao mesmo tempo, representa uma resposta às urgências de nosso tempo”.
É provável que, graças a isso, a oração passou a ser conhecida como a Oração pela Paz de São Francisco de Assis ou, como a conhecemos hoje: a Oração de São Francisco.
E já que estou falando tanto sobre a França, aqui estamos ouvindo Seigneur, fais de moi un instrument de ta paix, com o grupo artístico francês, Graines de saints (Sementes de Santos). (https://youtu.be/B4S-bfLv-kc)
Consta que a alusão a São Francisco se deu, pela primeira vez, em 1927, através de Les Chevaliers du Prince de la Paix (Os Cavaleiros do Príncipe da Paz), movimento protestante francês fundado pelo pastor e militar francês, Étienne Bach. Vale lembrar que esse movimento foi criado em 1923 e Bach, durante a Segunda Guerra Mundial, auxiliou no resgate de judeus perseguidos pelos nazistas.
Ao que parece, a primeira tradução da oração para o inglês se deu em 1936 através do ministro americano dos Discípulos de Cristo, uma igreja americana protestante, Kirby Page, no livro Vivendo Corajosamente. Page, um pacifista e editor do jornal The World Tomorrow, de Nova Iorque, declaradamente atribuiu a oração a Francisco de Assis.
Durante o período da Segunda Guerra Mundial (entre 1939 e 1945) e logo após seu término, a oração pela paz se difundiu amplamente como a Oração de São Francisco, graças, em parte, aos livros do arcebispo americano e vigário militar Francis Spellman, ganhando assim, ao longo dos anos, popularidade mundial entre pessoas de todos os credos religiosos.
Bem, como, certa vez, um frade resumiu a relação entre a oração e São Francisco: "Pode-se dizer com segurança que embora ele não seja o autor, ela se parece com ele e não o teria desagradado."
Essa Oração pela Paz ou Oração de São Francisco de Assis, traz algumas estruturas semelhantes a oração de consagração do Sagrado Coração de Jesus, publicada pelo Papa Leão XIII, em 1889.
Vejam...
Sede o Rei daqueles que vivem dominados pelo erro, ou vivem separados de Vós pela discórdia; conduzi-os ao porto da Verdade e à unidade da Fé.
Temos aqui uma semelhança a “onde houver discórdia, que eu leve união” e, também, a “onde houver erros, que eu leve a verdade”.
Em outra parte, temos: “Sede finalmente o rei daqueles que estão envolvidos nas superstições dos pagãos, e não recuseis tirá-los das trevas para conduzi-los à luz e ao reino de Deus”.
Bem semelhante a “onde houver trevas, que eu leve a luz”.
E na parte final temos: “Concedei a todas as nações tranquilidade e ordem” o que remete à paz para todos os povos.
Como vemos no livro de Leonardo Boff que citei anteriormente, as contraposições ódio e amor, ofensa e perdão, dúvida e fé, desespero e esperança, tristeza e alegria, são, todas elas, baseadas nos ensinos de Jesus, uma vez que ele nos trouxe uma palavra transformadora, que buscava levar amor onde o ódio impera, perdão onde há ofensas, fé onde exista dúvida, esperança no desespero e alegria onde impere a tristeza.
O próprio cristianismo nos mostra, entre suas características, o que temos na segunda parte da oração, ou seja, desprendimento e altruísmo, deixando de lado muitas de nossas coisas para que possamos servir ao outro.
“Oh, Mestre, fazei com que eu procure mais consolar, que ser consolado, compreender que ser compreendido, amar que ser amado”.
Na sequência da oração, temos algumas colocações que podem ser encontradas nos Evangelhos.
“Pois é dando que se recebe”
Temos isso no Evangelho de Lucas (6:38): “Dai e vos será dado”
“É perdoando que se é perdoado”
Também temos em Lucas (6:37): “Não julgueis, e de modo nenhum sereis julgados; não condeneis, e de modo nenhum sereis condenados. Absolvei e sereis absolvidos”
“É morrendo que se vive para a vida eterna”
Temos duas passagens, uma em Lucas (17:33): “Aquele que buscar preservar a sua vida a perderá, e aquele que a tiver perdido a manterá viva”.
Outra em João (12:25): “Quem ama a sua vida a perde, mas quem odeia sua vida neste mundo, guarda-a para sempre”.
E aqui temos a oração de São Francisco como o Raízes Caboclas, grupo amazonense de Manaus, formado na década de 1980. A canção fez parte do álbum Mensageiros de Francisco, lançado em 2010. (https://youtu.be/BEok2THUbj4)
Não podemos afirmar que Francisco de Assis seja o autor desta oração, mas, existe uma grande semelhança entre a Oração de devoção ao Sagrado Coração de Jesus e as características da vida de Francisco de Assis, o que acabou por permitir que as características da Oração acabasse sendo atribuída à Francisco.
O Padre Antônio Vieira em um de seus sermões, especificamente o Sermão sobre as Chagas de São Francisco, de 1663, na página 16 temos: despi a Francisco e vereis Cristo; vesti a Cristo e vereis Francisco. Quem quiser pode buscar este sermão na íntegra ou ver os outros textos do Padre Antônio Vieira, no site da Biblioteca Nacional de Portugal, cujo endereço eletrônico está na transcrição deste episódio (https://bndigital.bnportugal.gov.pt/).
Mas, vejam essa estrutura semelhante presente na Oração pela Paz e o texto encontrado nas chamadas Admoestações de São Francisco. As Admoestações são um conjunto de 28 exortações, tidas como escritas ou faladas por Francisco de Assis. As admoestações de número 27, intitulada “das virtudes que afugentam os vícios”, são:
Aonde há caridade e sabedoria, não há temor nem ignorância.
Onde há paciência e humildade, não há ira nem perturbação.
Onde à pobreza se une a alegria, não há cobiça nem avareza.
Onde há paz e meditação, não há solicitude nem distração.
Onde o temor de Deus está guardando a casa, o inimigo não encontra porta para entrar.
Onde há misericórdia e prudência, não há prodigalidade nem dureza de coração.
Afinal, a estrutura dos textos da oração e das admoestações guarda uma certa semelhança, não?
Agora, vejam esta história. Um dos seguidores de Francisco de Assis, o Beato Egídio de Assis, conviveu com ele, convertendo-se ao estilo de vida franciscano, no ano de 1208. Egídio foi um exemplo de obediência, de trabalho e de vida voltada para os pobres.
Dentre os chamados Ditos de Egídio de Assis, podemos ver algumas semelhanças ao conteúdo da Oração de São Francisco.
Bem-aventurado quem ama e não deseja somente ser amado;
Bem-aventurado quem teme e não deseja somente ser temido;
Bem-aventurado quem serve e não deseja somente ser servido;
Bem-aventurado quem faz o bem aos outros e não deseja que os outros o façam o bem.
Mas bem-aventurado é aquele que ama verdadeiramente e não deseja ser amado.
Bem semelhante, não?
E quanto ao conteúdo da chamada Oração pela Paz? O que ele nos diz?
“Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz”
A paz verdadeira vem de Deus, por isso a oração inicia com uma verdadeira súplica: Senhor!
E segue, rogando para que seja um veículo, um instrumento desta paz.
Se cada um de nós se colocasse como um instrumento da paz, não haveria contendas nem guerras no mundo.
Essa manifestação da vontade de se colocar como um instrumento da paz, é o primeiro passo para buscarmos pacificar todas as relações sociais.
“Onde houver ódio, que eu leve o amor”
O ódio faz parte dos sentimentos humanos. E temos visto tantas manifestações, até mesmo gratuitas de ódio, especialmente nas redes sociais.
Cultivar o amor, conforme a mensagem do Cristo, é essencial para diminuirmos esse sentimento de ódio.
“Onde houver ofensa, que eu leve o perdão”
Quando alguém se sente ofendido, normalmente se revolta, muitas vezes com razão, outras tantas sem razão nenhuma.
Caso rebatamos as ofensas com mais ofensas, as relações acabam por se agravar e a discórdia só tende a piorar as coisas.
É o que vemos nas relações sociais, em especial nas redes sociais. Quantos ofendem e quantos se sentem ofendidos.
Não é nada fácil perdoar, mas é o caminho para que acabemos com as divergências que tanto mal tem causado nas nossas relações humanas.
“Onde houver discórdia, que eu leve a união”
Percebemos discórdia em toda parte, em todas as classes sociais e em todos os níveis intelectuais.
Ambientes que se deixam contaminar pela discórdia, não florescem.
É um enorme esforço buscar a união, mas é um dos pontos chaves para que a humanidade possa progredir coletivamente, principalmente no aspecto moral.
“Onde houver dúvida, que eu leve a fé”
Com toda certeza, levar fé a quem se encontra incrédulo é um grande feito. Todos nós passamos por momentos de dúvidas, por inúmeras razões. A crença em que dias melhores virão pode nos ajudar a sair destes verdadeiros buracos em que nos metemos.
Dúvidas teremos, todos nós. Muitos até mesmo encontram dúvida sobre a vida e o continuar a viver. Nestes momentos, que possamos ser instrumentos da fé. Que possamos ajudar aqueles que estejam precisando de ajuda.
“Onde houver erro, que eu leve a verdade”
Todos devemos levar a verdade a tudo e todos. Lutar por uma justiça verdadeira.
Que não pensemos que a “minha verdade” é a única.
Que não enxerguemos somente os erros dos outros.
Que possamos ver a trave em nossos olhos, antes de ver um cisco no olho do outro.
“Onde houver desespero, que eu leve a esperança”
O desespero pode nos levar a atos inimagináveis. A falta de esperança é um motivador atos absurdos. Levar esperança para aquele que se encontra em desespero é como levar água para quem está sedento.
“Onde houver tristeza, que eu leve a alegria”
A alegria é capaz de trazer grandes benefícios para alguém que se encontre triste.
Naqueles momentos em que estamos como que cobertos por um véu de tristeza, como precisamos de alguém que possa nos trazer alegria.
“Onde houver trevas, que eu leve a luz”
Uma simples faísca é capaz de iluminar a escuridão. Somente na luz conseguimos ver as coisas como elas realmente são e não como as imaginamos quando estamos nas trevas.
Que possamos ser como um farol que mostre o melhor caminho a ser percorrido.
“Ó Mestre, fazei que eu procure mais consolar, que ser consolado”
Na segunda parte da oração, temos a referência à mestre, que pode ser entendido como aquele que não somente ensina, mas que vive aquilo que ensina. Aquele que mostra o caminho.
As pessoas buscavam o Cristo pelo consolo que suas palavras traziam. Quantos não estão precisando de consolo, muitas vezes somente uma palavra de carinho e apoio e nós podemos fazer isso.
Percebamos que é mais importante consolar aqueles que estão aflitos do que sermos nós a sermos consolados.
Consolar é mostrar que um obstáculo ou um insucesso não é o fim de tudo. Mostrar que é algo a ser encarado como uma prova que temos que passar em busca de nosso crescimento moral e espiritual.
“Compreender, que ser compreendido”
E como são muitos os que não compreendem os caminhos pelos quais a vida trafega. Que possamos compreender aqueles que estão em confusão com as diversas situações, nem sempre justas e retas que a vida nos reserva.
“Amar, que ser amado”
Como nos disse o Cristo, amor é o maior dos mandamentos. Amar primeiro a nós mesmos e amarmos o outro como iriamos querer que ele nos amasse. Amar ao próximo é se entregar nas tarefas, apenas com a preocupação de fazer o bem para quem esteja necessitado.
“Pois, é dando que se recebe”
Cada vez que damos de nós mesmos, recebemos uma recompensa em forma de satisfação pelo bem que fizemos.
“É perdoando que se é perdoado”
Somente quando perdoamos aqueles que nos enfrentam na nossa jornada é que conseguiremos o perdão.
A mágoa e o ressentimento são como brasas que pegamos com as mãos para atirarmos em outra pessoa. Sempre irão nos ferir. Toda vez que exercemos o perdão, nos sentiremos mais aliviados de nossas dores.
“E é morrendo que se vive para a vida eterna”
Por várias vezes o Cristo nos falou sobre isso. A verdadeira vida está além desta vida material em que nos encontramos agora.
E aqui temos a oração em ritmo de pagode, com Thiaguinho e Péricles, do CD contendo música natalinas Então é Natal, de 2015. (https://youtu.be/FC04Yz8zE00)
No Brasil São Francisco de Assis é cultuado desde os tempos da colonização portuguesa. Os primeiros evangelizadores que vieram para catequizar os indígenas foram franciscanos e a primeira missa brasileira foi ministrada por Henrique de Coimbra, que também franciscano.
Um dos rios mais importantes para o povo brasileiro é justamente o rio São Francisco. O Velho Chico, como é mais conhecido, nasce na serra da Canastra, em Minas Gerais e, ao longo de seus mais de 2800 km, atravessa os estados de MG, BA, PE, SE e AL, onde desagua no Oceano Atlântico.
E já que falei do Velho Chico, aqui temos o Quinteto Violado, grupo instrumental/vocal brasileiro formado em 1970, na cidade de Recife, com a música Rio São Francisco, do álbum Notícias do Brasil, de 1982. (https://youtu.be/sz0u_YyboMU)
Eu apresentei aqui a Oração pela Paz ou, como é mais conhecida, a Oração de São Francisco.
Bem, a dúvida sobre a autoria desta linda oração continua, mas este episódio vai chegando ao seu final.
Mas, antes, uma curiosidade. Estou apresentando aqui várias versões da Oração de São Francisco em forma de música. E você sabe que é o responsável por musicar a oração? É Casimiro Abdon Irala Arguello, mais conhecido como Padre Irala, é um padre jesuíta, escritor e músico brasileiro, apesar de nascido em Assunção, no Paraguai. Ele é o autor da Oração de São Francisco em forma de música, que foi lançada num compacto de vinil, em 1968, chamado “Irala Canta”.
E aqui temos uma das versões mais conhecidas, a do cearense Raimundo Fagner, que a lançou no álbum O melhor de Fagner, de 1997. (https://youtu.be/Au_o5N6-DUM)
Este é o podcast Mundo Espiritual e a produção, edição e a apresentação são minhas, Carlos Biella e o Gustavo Crispim é que faz a arte das capas dos episódios.
Ouça ou baixe o podcast, confira o conteúdo do episódio e entre em contato conosco pelos endereços que estão na transcrição do episódio (https://podcastmundoespiritual.blogspot.com/ e http://mundoespiritual.podcloud.site/). Estamos também no Facebook (https://www.facebook.com/podcastmundoespiritual), Youtube (https://www.youtube.com/channel/UCvE-E-zthITBCsrNNJa0ytw) e Instagram (https://www.instagram.com/podcastmundoespiritual/).
Procure-nos nas diversas plataformas players de podcast.
Este é o Podcast Mundo Espiritual.
Antes de finalizar, trago para vocês uma versão rock da oração que encontrei no Youtube.
Essa é a banda Sacrarium, banda de rock católica da paróquia da Nossa Senhora da Candelária, da Vila Maria, em São Paulo. Aqui numa apresentação ao vivo, na comunidade São Francisco de Assis, no bairro do Jaçanã, em São Paulo, em 2013 (https://youtu.be/0IaNfweFeec).
Cara, você encontra de tudo na internet.
Em meio a pandemia da COVID-19, essa oração é uma mensagem de fé, esperança, solidariedade e amor, que todos nós, do mundo todo, necessitamos.
Gravado neste ano de 2021, um videoclipe buscou mostrar que nossas semelhanças são muito maiores que nossas diferenças. O clipe surgiu dentro do Projeto Revitalizares, no Rio de Janeiro, graças à iniciativa do arquiteto Rafael Vasconcelos e do pastor Francisco Ribeiro, que foram agregando outras pessoas, famosas e anônimas. São espíritas, católicos, evangélicos, budistas, messiânicos, todos juntos numa grande corrente do bem. E é com eles que termino o nosso episódio de hoje. Confiram o clipe. Deixei o link na descrição do episódio (https://youtu.be/dZ4iDP5YFtw).
Pois então, seja quem for o autor, essa oração reflete todo o espírito de Francisco de Assis, toda sua espiritualidade e carisma. É uma oração simples, mas que fala muito. Ecumênica e universal, vem do coração e encontra-se em perfeita consonância com os ensinos do Cristo.
Fiquem todos em paz e até nosso próximo episódio.





Comentários