EPISÓDIO # 30 - ANALISANDO A MÚSICA ENCONTROS E DESPEDIDAS
- Carlos A. Biella

- 11 de fev. de 2022
- 1 min de leitura
Atualizado: 23 de jul. de 2023

Analisando a música "Encontros e Despedidas".
Assim é a vida: um eterno vai-e-vem, cheia de encontros e despedidas. E será sobre a música Encontros e Despedidas o episódio de hoje. Sejam todos muito bem-vindos, tomem seus assentos no trem da vida e aproveitem.
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Saudações a todos estamos iniciando a terceira temporada do podcast Mundo Espiritual. Eu sou Carlos Biella e a produção, edição e a apresentação são minhas. Já a arte das capas dos episódios continua sendo feita pelo Gustavo Crispim. Grande abraço, meu amigo. Ouça ou baixe o podcast, confira o conteúdo do episódio e entre em contato conosco. Os endereços estão na transcrição do episódio (https://podcastmundoespiritual.blogspot.com/ e http://mundoespiritual.podcloud.site/). Estamos também no Facebook (https://www.facebook.com/podcastmundoespiritual), Youtube (https://www.youtube.com/channel/UCvE-E-zthITBCsrNNJa0ytw) e Instagram (https://www.instagram.com/podcastmundoespiritual/). Procure-nos, também, nas diversas plataformas players de podcast. Este é podcast Mundo Espiritual E estamos de volta com a nossa terceira temporada e, como este é o episódio de número 30, a cada 10 episódios, fazemos a análise de uma música e hoje será a vez de analisarmos esta bela canção de Milton Nascimento e Fernando Brant, Encontros e Despedidas. Encontros e Despedidas é a música que dá nome ao álbum do cantor e compositor nascido carioca, mas mineiro de coração, Milton Nascimento, álbum esse lançado em 1985. A música é de autoria de Milton em parceria com Fernando Brant e contou com a participação especial do flautista norte-americano, Hubert Laws, um grande músico que mescla estilos como jazz, música clássica, pop, e Rhythm and Blues. E começamos com o violinista, compositor e arranjador Ricado Herz, tocando, ao vivo, no Teatro do Sesc Paulista em dezembro de 2008, dentro da programação do Instrumental SESC Brasil. (https://youtu.be/pZT3R6jbEv4). A música, regravada por vários intérpretes, ganhou projeção na voz da cantora Maria Rita, quando foi tema de abertura da novela Senhora do Destino, produzida pela TV Globo e transmitida entre junho de 2004 a março de 2005. A novela foi escrita por Aguinaldo Silva, com direção geral de Wolf Maya. E aqui nós temos exatamente, Maria Rita. (https://youtu.be/xOQgUM_Vyqw). A letra da canção traz uma dualidade já no título “encontros e despedidas” e em vários outros trechos como “o trem que chega é o mesmo trem da partida” e “a hora do encontro é também, despedida”. Fernando Brant, em entrevista no programa Café Filosófico CPFL, da Fundação Padre Anchieta, para o musicólogo e jornalista, Zuza Homem de Mello, em 07 de julho de 2011, na TV Cultura, disse que a canção nasceu de um roteiro para um ballet do grupo Corpo, companhia de dança contemporânea brasileira, criada em 1975 em Belo Horizonte, Minas Gerais, pelo coreografo Paulo Pederneiras. O ballet foi lançado em 1980, com música de Milton Nascimento, roteiro de Fernando Brant e coreografia e direção geral de Oscar Araiz. Mas, nada melhor que o próprio Fernando Brant para explicar a história da música. Então, vamos voltar no tempo, diretamente para o ano de 2011 e vamos ouvir Fernando Brant falando sobre Encontros e Despedidas... Então, mesmo que o próprio autor descarte a versão espiritualista da canção, ela é carregada de significados, com uma letra que tem uma beleza simples e profunda. Existem muitas interpretações desta música e todos somos livres para entender a música da nossa própria maneira. Encontros e despedidas é o que ocorre na plataforma de uma estação ferroviária, conforme mostra a letra da música. Deste modo, podemos ver nos versos criados por Fernando Brant, um cenário que nos remete a uma estação de trem, onde diversas pessoas se encontram e se despedem, dando vazão a emoções que envolvem estes dois extremos que se fazem tão presentes em nossas vidas. Afinal, estamos sempre às voltas com pessoas queridas que vêm e vão, com encontros e despedidas. Encontros e Despedidas é uma música que também fala da migração, das idas e vindas que podem ser interpretadas, como fazemos nesta interpretação, como a migração entre os dois planos: o material e o espiritual. Nos momentos da partida, estando nós preparados ou não, surgem questões como “quem vai”? Entender “porque vai”, “como vai”, mas, sem esquecer do que sente “quem fica”. E nós, espíritos que somos, a cada nova reencarnação, deixamos muita coisa para trás, nos lançando ao encontro do novo. Assim, como diz a música, chegar e partir são dois lados de uma mesma viagem, e a despedida, pode ser, ao mesmo tempo, encontro. E a música mostra exatamente, as emoções que envolvem esta dualidade tão presente em nossa vida, o chegar e o partir, os encontros e as despedidas, uma vez que, o tempo todo lidamos com pessoas que entram e saem de nossas vidas. Alguns ainda enxergam nesta canção, a situação pela qual o Brasil passou durante os anos do regime militar, com muitas pessoas sendo exiladas devido à suas divergências, o que fica bem claro no lema brasileiro desta época: Brasil, ame-o ou deixe-o. E muitos se foram, deixaram o país e essa música poderia ser uma mensagem para todos aqueles que, devido a essa situação, acabaram se separando de seus amigos e familiares. Desta maneira, podemos ver na letra da canção, a saudade, o anseio por notícias, a vontade de se reencontrar. É, analisando bem, cabe sim essa interpretação. A baiana Simone gravou a música em 1981, no álbum Amar. E aqui temos Simone, num show ao vivo, em 2008, em São Paulo, para gravação do álbum Amigo é de casa, que lançou com Zélia Duncan. (https://youtu.be/nPsLeHmyoY4). É importante ressaltar o cenário das Minas Gerais, com suas montanhas e suas ferrovias, ainda que em tão pouca quantidade, infelizmente, mas que ainda preserva muitas de suas estações ferroviárias. Também é importante lembrarmos que Fernando Brant era mineiro e Milton Nascimento, é um mineiro de adoção e de coração e que Minas Gerais é palco da vida do maior expoente do Espiritismo brasileiro, Francisco Cândido Xavier, o nosso querido Chico Xavier. Mesmo que não sendo essa a intenção dos autores, Milton e Brant acabaram criando, com essa música, uma interessante associação entre o vai-e-vem de uma estação e alguns dos maiores fundamentos da doutrina espírita, a reencarnação e a comunicabilidade entres os dois planos. É assim que entendemos, pois, praticamente todos nós, quando temos um ente querido que morre, queremos ter notícias de como ele se encontra no outro plano da vida, do lado de lá. Da mesma maneira, como vemos na extensa literatura espírita, aqueles que estão no plano espiritual querem se manter conectados com os espíritos amigos e amados que ficaram, do lado de cá. E vamos analisando a letra desta linda música, ouvindo ao fundo a Orquestra Ouro Preto, sob a regência do maestro Rodrigo Toffolo e a participação da cantora Leopoldina Azevedo, que por sinal, tem uma voz maravilhosa, numa apresentação ao vivo no Sesc Palladium, em Belo Horizonte. (https://www.youtube.com/watch?v=4Gz9qrbbVY0) Mande notícias do mundo de lá, diz quem fica Aqui temos uma situação que é própria dos que se amam: o anseio por notícias daqueles que partiram. Os que ficam querem notícias dos que foram e aqueles que se encontram do lado de lá, aqueles que já se foram, querem saber notícias dos que ficaram do lado de cá. Do ponto de vista espiritualista, essa comunicação, tão comum nas reuniões mediúnicas, tem como objetivo, acalmar o coração e abrandar um pouco a saudade. Para todo aquele que crê em vida após a morte, a frase “mande notícias do mundo de lá”, pode ser entendida como o desejo de comunicação com o mundo dos espíritos, uma maneira de abrandar a dor e a saudade daqueles que ficaram no mundo de cá. Me dê um abraço, venha me apertar, tô chegando... A maravilha do encontro em aqueles que se amam, o abraço apertado que tanto nos faz falta. Também, na visão espiritualista, aquele que retorna ao plano espiritual conta com seus entes queridos a lhe ampararem no seu retorno. Coisa que gosto é poder partir sem ter planos, melhor ainda é poder voltar quando quero... Percebemos um viajante que gosta de partir sem ter planos e voltar quando bem quiser. Um indivíduo de alma livre, que se encontra em paz. Ao findar sua experiencia física, sente que não está deixando nada de grande importância que esteja inacabado. Caso não tenha realizado tudo aquilo que poderia e deveria ter realizado, ao menos, conseguiu fazer o suficiente para retornar em paz. Deste modo, espera que desta vez, possa escolher quando voltar para uma próxima encarnação, sem a necessidade de uma imposição compulsória. Todos os dias é um vai-e-vem, a vida se repete na estação A vida é um constate nascer e morrer, todos os dias, a todo momento. A vida se repete na estação. O ir e vir não cessa, é uma rotina que não cessa independente do plano em que estivermos. Esse constante vai e vem que se percebe numa estação, com os trens chegando e partindo, pode ser interpretado pelos espiritualistas, como o eterno processo reencarnatório, com seus nascimentos e mortes. Tem gente que chega prá ficar, tem gente que vai prá nunca mais... Quantos seres já deixaram seu nome gravado na história humana, não é mesmo? Gênios nas artes, como Da Vinci, Picasso, Rodin. Grandes nomes como Gandhi, Buda e Jesus. Quantos espíritos já se emanciparam para outros mundos, não mais tendo necessidade de encarnar aqui em nosso planeta, a não ser por missão, esses vão, para nunca mais. Tem gente que vem e quer voltar, tem gente que vai, quer ficar Podemos entender aqui aqueles que buscaram no suicídio a solução para suas aflições. Aqueles espíritos que sucumbiram às demandas da vida e, lamentavelmente, interrompem a experiência física de forma precipitada e antinatural. Ao perceberem que o ato suicida não lhe proporciona a tão almejada paz, querem voltar e continuar sua existência terrestre. Já aqueles que são materialistas e não acreditam que a vida continua, apegam-se aos bens materiais conquistados ao longo da vida física e, também, ao próprio corpo físico, recusando-se, em vão, retornar ao plano espiritual. Tem gente que veio só olhar, tem gente a sorrir e a chorar São os inúmeros espíritos desencarnados que, frequentemente, visitam o plano físico, a crosta terrestre, muitos deles buscando continuar seu aprendizado. Aqueles que são queridos entre si, unidos pelos laços do amor, comemoram o reencontro e se entristecem com as partidas. Sempre existirão espíritos a sorrir e a chorar, nas inúmeras estações da vida. Com relação à frase “tem gente que veio só olhar”, de modo literal, eu faço parte deste grupo. Sou um admirador de trens, ferrovias e estações. Me coloco entre aqueles que vão, só para olhar os trens chegando e partindo... E assim chegar e partir... São só dois lados da mesma viagem Chegar, ou seja, nascer, e partir, ou seja, morrer, do ponto de vista material ou do ponto de vista espiritual, são tão somente as duas faces que se alternam, dois momentos que se repetem indefinidamente. O trem que chega é o mesmo trem da partida... A vida é veículo que nos traz e nos leva entre os dois planos. O trem da vida é o mesmo que chega e parte a todo instante. A hora do encontro é também, despedida Quando nascemos no corpo físico, deixamos nossos amigos no plano espiritual e quando morremos, deixamos nossos amigos materiais e nos reencontramos com os amigos no plano espiritual. Assim, podemos perceber que ao mesmo tempo, a hora do encontro se torna, também, despedida. A plataforma dessa estação é a vida desse meu lugar, é a vida desse meu lugar, é a vida... A plataforma da estação, o plano em que nos encontramos, seja físico ou espiritual, é a vida deste meu lugar. Assim, Milton e Brant mostram que a vida é uma estação com seu constante chegar e partir, mas podemos entender a vida como um constante entrar e sair, renascer e morrer. Assim, como a plataforma da estação temos chegadas e partidas, ou os dois lados de uma mesma viagem. Alguns renascendo e outros desencarnando. E aqui temos uma bela apresentação da cantora Maria Rita juntamente com Ed Motta, num show ao vivo no Teatro Bradesco de São Paulo, em setembro de 2019. E foi um belo encontro... Cada uma das possíveis interpretações que falamos combinam muito bem com a letra da canção. Por isso, o mais importante é que cada um possa se permitir encontrar o seu universo particular, aquele que mais lhe convém sobre a obra e, assim, fazer a sua própria interpretação desta linda canção. Vamos chegando ao final deste episódio, mas antes, trago aqui uma mensagem que recebi tempos atrás. A mensagem não identificava seu autor e, mesmo buscando na internet sua autoria, também, não encontrei. Então, para finalizarmos esse episódio, trago aqui essa mensagem que compara nossa vida a uma viagem de trem. Ao fundo temos esse belo arranjo com o Duo de Três, composto por Vallada no Vocal, Hygor Miranda no baixo e violão e Felipe Sushi no piano Rhodes, Escaleta e Vocal. Cara, a voz do Vallada é fantástica. (https://youtu.be/NOS_1x3qh4I). Nossa vida é como uma viagem de trem, com muitas estações e mudanças de direção, com muitos embarques e desembarques. Essa viagem nos proporciona surpresas agradáveis em alguns casos, e profundas dores, em outros. Ao nascemos, embarcamos num trem e encontramos pessoas que acreditamos farão conosco a viagem até o fim, os nossos pais. No entanto, em algum momento, em alguma estação, eles irão desembarcar, deixando-nos continuar a viagem sem eles, sem sua proteção, amor e afeto. Mas, muitas outras pessoas embarcarão em nossa viagem, pessoas que terão importância em nossa vida, como nossos irmãos e amigos e, em algum momento da viagem, o amor de nossa vida. Muitas pessoas tomam esse trem a passeio, enquanto outras viajam, experimentando somente tristezas. Existem, também, aquelas pessoas que vão passando de vagão em vagão, prontas para auxiliar quem esteja precisando. Muitos, quando descem em uma estação, deixam saudades e um sentimento de vazio, permanentes. Outros viajam de tal maneira que, quando desocupam seus assentos e descem em uma estação, ninguém sequer percebe que deixaram seus lugares vagos. Curioso é observar que alguns passageiros que nos são tão caros, como alguns familiares, acomodam-se em vagões diferentes do nosso. Isso nos obriga a fazer essa viagem separados deles. Mas não nos impede de, com grande dificuldade, atravessarmos nosso vagão e chegarmos até eles. O difícil é aceitarmos que não podemos sentar ao seu lado, pois outra pessoa estará ocupando esse lugar. E a viagem continua, repleta de desafios, atropelos, sonhos, fantasias, esperas, embarques e desembarques. Tentamos fazer a viagem da melhor maneira possível, tentando manter um bom relacionamento com todos, procurando o que cada um tem de melhor, lembrando sempre que em algum momento do trajeto poderão fraquejar, e, provavelmente, precisaremos entender isso. Mas, nós também fraquejamos muitas vezes, hesitamos e precisamos de alguém que nos entenda. O grande mistério é que não sabemos em qual estação nossos companheiros de viagem irão desembarcar, nem mesmo quando nós iremos descer. E quando for minha vez de descer do trem? Sentirei saudades? Com certeza. Deixar filhos viajando sozinhos é muito triste. Separar-nos dos amigos que fizemos durante nossa viagem, do amor da nossa vida, será muito doloroso. Porém, devemos nos agarrar na esperança de que, em algum momento, estarei na estação principal e terei a emoção de vê-los chegar com sua bagagem, que não tinham quando embarcaram. E o que trará felicidade é saber que, de alguma forma, colaboramos para que essa bagagem tenha crescido e ser tornado valiosa. Nesse momento, o trem diminui sua velocidade para que embarquem e desembarquem pessoas. Minha expectativa aumenta à medida que o trem vai diminuindo sua velocidade: Quem entrará? Quem sairá? Assim, temos que fazer com que nossa viagem tenha um propósito e valha a pena. Viver de modo que, ao descermos em uma estação, nosso lugar, agora vazio, deixe boas lembranças para aqueles que continuarão a viajar no trem da vida. Este é o podcast Mundo Espiritual e a produção, edição e a apresentação são minhas, Carlos Biella e o Gustavo Crispim é que faz a arte das capas dos episódios. Ouça ou baixe o podcast, confira o conteúdo do episódio e entre em contato conosco pelos endereços que estão na transcrição do episódio (https://podcastmundoespiritual.blogspot.com/ e http://mundoespiritual.podcloud.site/). Estamos também no Facebook (https://www.facebook.com/podcastmundoespiritual), Youtube (https://www.youtube.com/channel/UCvE-E-zthITBCsrNNJa0ytw) e Instagram (https://www.instagram.com/podcastmundoespiritual/). Procure-nos nas diversas plataformas players de podcast. E antes de encerrar, uma curiosidade. Encontros e Despedidas tem uma versão sueca criada pelo compositor e produtor musical sueco Johan Christher Schütz, gravada em 2014 com o nome de Möten och avske. A versão também aparece no disco de 2011, Apaixonada – Brazilian stories, da cantora sueca Nina Ripe. Infelizmente não consegui encontrar a música disponível para colocar aqui, mas você pode encontra-la no Spotify com a Nina Ripe, inclusive eu deixei o link na transcrição do episódio (https://open.spotify.com/track/5veWBVMxH1WcYndcTqjV2A?si=cd5133c25d2141ba). E ao final da transcrição deste episódio no blog (podcastmundoespiritual.blogspot.com), tem como você ouvir as duas versões, Johan Schutz e com a Nina Ripe. Confiram lá. Para finalizar, deixo vocês com Milton Nascimento, cantando o tema do episódio de hoje. Encontros e Despedidas. (https://youtu.be/zhgOxxiiBbI). Espero que nos encontremos, pelos vagões e estações do trem da vida. Fiquem todos em paz e até nosso próximo episódio.





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