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EPISÓDIO # 39 - O CARPINTEIRO PAI DE JESUS

  • Foto do escritor: Carlos A. Biella
    Carlos A. Biella
  • 18 de ago. de 2022
  • 1 min de leitura

Atualizado: 23 de jul. de 2023


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O carpinteiro pai de Jesus.


É interessante como, apesar de grande importância para os cristãos, a figura de José ter tão poucas informações, não é mesmo? É sobre José que falaremos hoje. Sejam todos muito bem-vindos e aproveitem.

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Saudações a todos. Este é o podcast Mundo Espiritual. Eu sou Carlos Biella e a produção, edição e a apresentação são minhas. E o Gustavo Crispim é que faz a arte das capas dos episódios. Ouça ou baixe o podcast, confira o conteúdo do episódio e entre em contato conosco. Os endereços estão na transcrição do episódio (https://podcastmundoespiritual.blogspot.com/ e http://mundoespiritual.podcloud.site/). Estamos também no Facebook (https://www.facebook.com/podcastmundoespiritual), e Instagram (https://www.instagram.com/podcastmundoespiritual/). Procure por podcast Mundo Espiritual nas diversas plataformas players de podcast. Se existe algum personagem bíblico envolto em mistério, esse é o caso de José, o pai de Jesus. Muito pouco se sabe sobre José, pois não existe muita coisa sobre ele nos textos evangélicos. Existem apenas algumas considerações nos Evangelhos de Mateus, Lucas e João. Já no Evangelho de Marcos, não existe nenhuma referência a seu respeito. E confesso que escrever o roteiro deste episódio, não foi uma tarefa fácil. É muito provável que no caso deste personagem, um dos elementos básicos do Cristianismo, as lendas se somem às verdades e acabemos tendo não uma história biográfica, mas sim, uma hagiografia, uma descrição da vida dos santos, sobretudo pela Igreja Católica. A respeito da vida de José, tudo o que temos, são elementos baseados em, basicamente, três fontes: os evangelhos canônicos, os textos apócrifos e a tradição, que vem sendo passada desde os tempos em que José teria vivido. Somando isso tudo, podemos ter alguns elementos que nos possibilitam ter alguma informação a respeito de quem teria sido José, aquele que foi o pai de Jesus. Assim, para escrever esse roteiro, utilizei de 4 versões da Bíblia Sagrada, o Novo Testamento, com tradução de Haroldo Dutra Dias, o livro Quem é quem na Bíblia Sagrada, de Paul Gardner, o livro Jesus de Nazaré, de Frederico Kremer, a edição n° 4, de 2012, da Revista Terra Santa, os textos apócrifos Protoevangelho de Tiago e A vida de José, o carpinteiro, vários artigos acadêmicos e diversas revistas. Essa é José, música espírita composta e executada por Roberto Miranda, que faz parte do álbum Sintonia Divina, de 2003. https://youtu.be/OupakJmSlAg O Evangelho de Mateus inicia trazendo a genealogia de Jesus, informando que José, seu pai, seria filho de Jacob, descendente direto de Davi. (Mt 1:16), sendo assim, membro da família real de Judá. Aqui cabe um detalhe interessante. Toda a linhagem de Jesus é colocada em termos de alguém que gerou alguém, por exemplo, Abraão gerou a Isaque; e Isaque gerou a Jacó; e Jacó gerou a Judá e a seus irmãos; e por aí vai. No entanto, o texto coloca que Matã gerou a Jacó; E Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu JESUS, que se chama o Cristo. José é o único da linhagem do Cristo, que não é dito ter gerado seu filho, mas sim coloca como José, sendo marido de Maria, da qual nasceu Jesus. Quando observei isso, achei que pudesse ser uma simples colocação de uma das traduções bíblicas. Então, pesquisei o Evangelho de Mateus, no Novo Testamento, do Haroldo Dutra Dias, em várias versões da Bíblia Católica e na Bíblia de Jerusalém, uma das mais utilizadas pelos estudiosos em Bíblia e em todos os livros, consta a mesma colocação a respeito de José, não tendo gerado a Jesus. Interessante, não? Enfim, Jesus teve como pai, um homem cujo nome hebreu era Yosef, que ganhou por transliteração, o nome José e, de acordo com os Evangelhos de Mateus (13:55) e Marcos (6:3), podemos concluir que José seria carpinteiro. Naquela época, era comum a pessoa ser conhecida pela sua naturalidade ou pela sua profissão, não havendo, portanto, sobrenomes. Assim, José era conhecido como José de Nazaré ou como Jose, o carpinteiro. Vale ressaltar que o termo carpinteiro tinha um sentido muito amplo, sendo empregado para muitas atividades que requeriam o uso de madeira. A maioria das construções naquela época, tinham estruturas em madeira e envolviam trabalhos de carpintaria, como vemos nos textos do Antigo Testamento, como vemos nos livros Samuel 2 e Crônicas 1: “E Hirão, rei de Tiro, enviou mensageiros a Davi, e madeira de cedro, e carpinteiros, e pedreiros que edificaram a Davi uma casa.” (2 Samuel 5:11 e 1 Crônicas 14:1). Como era comum, naquela época, o pai passar o seu oficio ao filho, o que nos leva a crer que Jesus tenha aprendido o oficio da carpintaria com José na sua adolescência. Humberto de Campos nos mostra isso no livro Boa Nova, no capítulo Jesus e o precursor. No texto, Maria, preocupada com o futuro de seu filho, tenta que ele seja aceito no Templo, onde poderia ser melhor preparado e protegido. No entanto, Jesus diz a ela que Deus deseja de nós toda a exemplificação que seja boa e escolhe a melhor escola, a família. Pede, então a seu pai que o admitisse em seus trabalhos. Desde então, como se nos quisesse ensinar que a melhor escola para Deus é a do lar e a do esforço próprio, ele aperfeiçoa as madeiras da oficina, empunha o martelo e a enxó, enchendo a casa de ânimo, com a sua doce alegria! Esse livro Boa Nova é sensacional! Quando observamos a citação “carpinteiro”, referindo-se à Jesus, em dois dos textos evangélicos, podemos perceber que, provavelmente, Jesus teria exercido a mesma profissão de seu pai. A mesma passagem é relata por Mateus e Marcos e chama-nos a atenção a maneira com que Jesus foi referido pelas pessoas que o assistiam na sinagoga. Em Mateus temos a colocação “Não é este o filho do carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos, Tiago, José, Simão e Judas?” (Mt 13:55). Já em Marcos temos “Não é esse o carpinteiro, o filho de Maria, e os irmãos, Tiago, José, Simão e Judas?” (Mc 6:3). Deste modo, somos levados a acreditar que Jesus deveria ter ajudado seu pai em sua profissão de carpinteiro. Pouco se fala dele nos textos evangélicos, mas sabemos de sua grande importância na vida e na educação de seu filho, aquele que viria a ser conhecido como Cristo. Pois então, seguindo pelos caminhos do Evangelho de Mateus, em seu capítulo 1, utilizando a tradução do Novo Testamento, feita por Haroldo Dutra Dias, temos a seguinte passagem do anúncio do nascimento de Jesus: “Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, prometida em casamento a José, antes de coabitarem, concebeu pelo Espírito Santo. José, seu esposo, sendo justo e não querendo difamá-la, resolveu repudiá-la em segredo. Após ter cogitado estas coisas, eis que em sonho apareceu-lhe um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, pois o que nela foi gerado vem do Espírito Santo; Ela dará à luz um filho, e o chamarás pelo nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos seus pecados. Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo Senhor através do profeta, que diz “Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e o chamarão pelo nome de Emmanuel, que traduzido é ‘Deus conosco’”. Ao despertar do sono, José agiu conforme lhe ordenara o anjo do Senhor, e recebeu a sua mulher. Mas não a conheceu até ela dar à luz um filho, a quem chamou pelo nome de Jesus”. (Mateus 1:18-25). Mais adiante, no mesmo Evangelho de Mateus...“eis que o anjo do Senhor apareceu a José num sonho, dizendo: Levanta-te, toma a criancinha e sua mãe, e foge para o Egito, e demora-te lá até que eu te diga, pois Herodes há de procurar a criança para matá-la. Assim, levantou-se, tomou a criancinha e sua mãe, de noite, e retirou-se para o Egito”. (Mt 2:13-14). Lucas também nos dá uma pequena visão do nascimento e dos primeiros dias de vida de Jesus, falando um pouco a respeito de José no capítulo 2 de seu Evangelho (Lc 2:1-40). Essa é José, composta por Danilo D' Angelo, na voz de Fagner Mendonça. https://youtu.be/ogWTpnZVfZA É intrigante que, apesar de toda a importância de José, não exista nenhuma fala sua nos Evangelhos e são muito pouco as referências a ele. Mesmo assim, não podemos ignorar a relevância que José teve como tutor durante a infância de Jesus. O que podemos perceber, na leitura dos Evangelhos, é a obediência por parte de José nas decisões em preservar Maria e seu filho, , como relata o Evangelho de Mateus, desde a escolha do nome (Mateus 1:25) e a fuga para o Egito (Mateus 2:13-15), bem como no Evangelho de Lucas, relatando o nascimento (Lucas 2:5-7) e a apresentação do menino Jesus no templo (Lucas 2:22-24). Para se buscar informações a respeito de José, é preciso nos valer dos textos considerados apócrifos. Esse termo apócrifo, deriva do grego apocrypha ou apokryphos, que significa “oculto, ou escondido” e que acabou ganhando, como definição, o significado de ser um texto não-canônico histórico. Os textos canônicos, seriam aqueles com autenticidade comprovada pela Igreja e que foram incluídos no conjunto das Escrituras Sagradas. Os critérios utilizados pela Igreja cristã antiga para definir um texto como canônico são: a tradição; a paternidade apostólica (isto é, a receptividade do ensinamento dos apóstolos, ou de seus companheiros); o uso litúrgico dos textos; a ortodoxia dos textos que respeitam as verdades dogmáticas de fé (como a unidade e a trindade de Deus e a maternidade divina de Maria). Um destes textos apócrifos é o Protoevangelho de Tiago, que tem esse nome, uma vez que seriam anotações que estariam sendo feitas, antes de se organizar um texto final, por isso o termo proto é aqui utilizado. Trata-se de um conjunto de pequenos capítulos que versam sobre a vida de Jesus, trazendo informações sobre José, sobre Maria e sobre a união entre os dois. Esses textos teriam sido escritos, provavelmente, no século I ou II da era cristã e, não se sabe ao certo que os teria escrito, se fora mesmo Tiago ou não, mas, narra uma história bem distinta daquela presente nos quatro Evangelhos canônicos. Eu falei um pouco a respeito do Protoevangelho de Tiago no episódio # 34 – Maria, a mãe de Jesus. Confiram o episódio. Bem, o texto, também é conhecido como Natividade de Maria e fala a respeito da família de Maria; sua consagração no Templo aos 2 ou 3 anos de idade, onde fica até completar os 12 anos; fala sobre a escolha de José, primeiramente como seu tutor e depois como seu esposo e fala do nascimento de Jesus. Maria teria ficado no Templo até a puberdade, quando, após entrar no período menstrual, poderia tornar impuro aquilo que tocasse no Templo. Vemos no capítulo 15 do Levítico, no Antigo Testamento, que, quando a mulher está no período menstrual, ela se torna impura e tudo aquilo que ela tocar, também se tornará impuro. Deste modo, os sacerdotes do Templo se preocuparam com Maria, pois, a partir do momento que ela menstruasse, não poderia ficar dentro do tempo, para não tornar impuras as coisas em que ela tocasse. Seria necessário colocar Maria sob a guarda de um tutor, fora do Templo, pois, ao que parece, ela já estaria órfã. Conta o Protoevangelho de Tiago, que Zacarias, aquele mesmo casado com Isabel, prima de Maria, na posição de sumo sacerdote do Templo, pediu em oração que Deus lhes enviasse uma revelação e, conforme o texto, apareceu um anjo dizendo: ¨Zacarias! Sai e chama todos os viúvos do povoado; que cada um traga um bastão e a quem o Senhor mostrar um sinal, este será o esposo de Maria”. Então, todos os viúvos do povoado se reuniram no Templo e, entre eles, José, já idoso, viúvo e com filhos. Todos entregaram seus bastões ao sumo sacerdote, que após suas orações, os devolveu aos seus respectivos donos. Quando José pega seu bastão, uma pomba sai dele e passa a sobrevoar sua cabeça. Então o sacerdote disse: ¨A ti caberá receber sob teu teto a Virgem do Senhor¨. José leva Maria para sua casa e ao chegar diz “tomei-te do Templo e deixo-te agora na minha casa, mas prosseguirei as minhas obras. Voltarei em breve, mas o Senhor te protegerá¨. Assim, segundo o texto, José se ausenta de sua casa, devido a seu trabalho, retornando somente seis meses depois. Neste tempo, Maria recebe a visita do anjo Gabriel, que lhe anuncia a gravidez e quando José retorna de suas obras, encontra Maria, então no sexto mês de gravidez. José, amargurado, questiona Maria sobre sua gravidez e esta lhe conta da visita do anjo. José, então, preocupa-se sobre o que fazer, uma vez que não teria como esconder a gravidez de Maria. Temendo que, ao contar que ela engravidara durante sua ausência, sendo ela prometida à ele, estaria condenada ao apedrejamento, conforme as leis mosaicas, contidas em Deuteronômio, capítulo 22. Um anjo aparece a José, em sonho e lhe diz para que não se preocupasse, pois Maria daria à luz um filho que seria chamado Yeshua, “o salvador”. O texto segue dizendo que houve um interrogatório no Templo a respeito da gravidez de Maria, na ausência de José, e que ambos foram intimados a beber da chamada água da verdade. O livro Números, do Antigo Testamento, no capítulo 5, fala uma água amarga e amaldiçoante que é dada às mulheres que traem seus maridos e, conforme os versículos 27 e 28. Ao beber, caso tenha ocorrido o adultério, a mulher sofrerá algumas consequências físicas e será amaldiçoada e, caso contrário, nada ocorrerá e ela será livre. Essa água da verdade é dada tanto à Maria, quanto à José e nada acontece a nenhum deles. Bem, José e Maria passam a viver juntos em Nazaré e seguem até Belém devido ao censo estipulado pelo Imperador Augusto, uma vez que José era descendente de Davi, que era de Belém. O texto do Protoevangelho segue dizendo que José se dirige a Belém com toda sua família, inclusive com seus filhos e, de maneira diferente dos Evangelhos canônicos, narra o nascimento de Jesus em uma caverna, com Maria sendo auxiliada por uma parteira hebreia. Logo após o nascimento, José, recebendo novamente a visita de um anjo, é informado que deveria pegar sua família e se mudar para o Egito, pois Herodes queria matar o recém-nascido. José, então, obedece mais uma vez, abrindo mão de sua vida e vai viver entre os egípcios, para segurança do menino que havia nascido e de toda sua família. Eles ficam no Egito até quando o anjo novamente aparece para José e lhe diz para retornar a Nazaré, uma vez que Herodes já havia morrido. Assim, temos que o anjo aparece três vezes para José. A primeira, ao anunciar a gravidez de Maria e pedindo para ele aceita-la. Uma segunda vez para dizer que se deslocasse, com sua família, até o Egito e uma terceira vez para que retornasse à Nazaré. Em todas essas três vezes, José obedeceu sem questionar. Esse foi o importante papel de José, ser o protetor, primeiramente de Maria e depois de Jesus. Essa é a versão original da música, Joseph, composta e cantada pelo cantor e compositor francês, Georges Moustaki. A música foi lançada em 1969, no álbum Le Métèque. https://youtu.be/DEc6m0PSfuQ No livro “Jesus de Nazaré: uma narrativa da vida e das parábolas”, de Frederico Kremer, editado pela FEB, temos um texto interessante a respeito de José, no capítulo O nascimento e a infância. Diz o texto: “Destacamos que José é uma figura silenciosa nos Evangelhos. Dele não encontramos uma única palavra. Entretanto, se Jesus chamava Deus de Abba, ou paizinho, é porque teve essa experiência com José. Com ele o Mestre teve o exemplo do trabalho, das mãos calosas e do suor para enfrentar as lutas cotidianas. Além disso, foi chamado de justo por Mateus, o que na época, significava um homem reconhecido pela comunidade por sua honradez e bondade. Por fim, o silêncio de José revela sua vida interior e antes de omissão, era de decisão, pois todas as vezes que foi convocado, em sonho, a seguir determinada ação, mesmo contrariando um senso comum, ele cumpria o determinado”. Então, o que sabemos a respeito de José é que, conforme os Evangelhos canônicos é que, após a revelação que teve, assumiu Maria como sua esposa e desempenhou seu papel de pai para o menino Jesus. Após o nascimento de Jesus em Belém, José o levou a Jerusalém para a purificação (Lc 2:22) e depois, obedecendo a instrução recebida de um anjo, fugiu com sua família para o Egito a fim de escapar da perseguição de Herodes (Mts 2:13-15). Retornando para Nazaré, continuou sua profissão e a ensinou a seu filho (Mc 6:3). Também sabemos que, todo ano, José levava sua família para Jerusalém, para a celebração da Páscoa (Lc 2:41-52). Se pouco sabemos da vida de José, de sua morte, então, não temos nenhuma referência, nem sabemos se José ainda estaria vivo quando Jesus iniciou seu ministério público. Alguns estudiosos, baseados num versículo encontrado no Evangelho de João, indicam que provavelmente José estivesse vivo quando Jesus iniciou sua trajetória pública. Esses mesmos estudiosos admitem que provavelmente ele tenha morrido durante esse período, uma vez que não mais é mencionado, mesmo quando alguns textos se referem somente a Maria e os irmãos de Jesus em outras referências (Mt 12:46-50; Mc 3:31-35; Lc 8:19-21). Outro fato que pode nos dar uma noção de que José já estivesse morto durante os últimos tempos de pregação do Cristo é que ele não é mencionado por ocasião da crucificação de Jesus, além do marcante fato de Jesus ter recomendado a João que tomasse conta de sua mãe, Maria. Com relação a isso, volto ao livro de Frederico Kramer, que citei anteriormente, no mesmo capítulo 1, onde destaco outro texto, sobre ter havido ou não irmãos de Jesus, como podemos perceber ao ler os textos dos Evangelhos canônicos. Diz o autor: “Certamente seria muito normal Maria ter outros filhos. Entretanto, devemos considerar que, no Oriente, é comum o tratamento dos primos como sendo irmãos. Destacamos, também, que, durante a crucificação, o Mestre solicitou ao apóstolo João que cuidasse de Maria. Isso nos leva a supor que Jesus não tinha irmãos e que, por essa época, José já tinha falecido”. Pois então, seria de se esperar que os irmãos de Jesus, cuidassem de sua mãe, Maria, após ele falecer, o que faria com que a fala de Jesus, colocando sua mãe aos cuidados de João, não tivesse sentido. Essa versão brasileira (Meu bom José) é de Nara Leão e foi eternizada pela cantora Rita Lee, que a lançou no álbum Build Up, em 1970, que, por sinal, foi o álbum de estreia da carreira solo de Rita Lee. https://youtu.be/qm6bTqpak2A Valendo-me do texto apócrifo A história de José o Carpinteiro, José teria morrido aos 112 anos, no dia 26 de Epep. Epep, Epip, ou Epiphi é o décimo primeiro mês dos antigos calendários egípcios e coptas, correspondendo ao período entre 8 de julho e 6 de agosto do calendário gregoriano. Neste texto, Jesus narra a seus apóstolos, reunidos no Monte das Oliveiras, a história de José, incluindo sua morte. No artigo Vida (e morte) de José, o Carpinteiro, de autoria de Alberto Elli, que está na edição n° 4, de 2012, da Revista Terra Santa, edição em português, temos que o texto apócrifo A história de José, o carpinteiro, teria sido uma tentativa de preencher os detalhes biográficos que não aparecem nos escritos canônicos do Novo Testamento. É o único que está em escrita copta, que é derivada do grego antigo e seu texto original, teria sido escrito, no século VI ou em algum século posterior. No capítulo 30 deste texto apócrifo, seu autor incluiu-se como sendo um dos apóstolos, apesar de ter se mantido anônimo. Confiram: “E quando nós, os apóstolos, ouvimos tais coisas dos lábios de nosso Salvador, pusemo-nos em pé cheios de prazer e passamos a adorar suas mãos e seus pés, dizendo com o êxtase da alegria: "Damos-te graças, nosso Senhor e Salvador, por te haveres dignado a presentearmos com essas palavras saídas de teus lábios”. Esse texto apócrifo pode ser dividido em duas partes principais, conforme mostra Alberto Elli em seu artigo na revista. A primeira parte constitui uma reelaboração do material presente em outros apócrifos, como o casamento de José e Maria e a fuga para o Egito, como narra o Protoevangelho de Tiago. A segunda parte é relativa à morte de José e representa uma contribuição original. De acordo com o apócrifo, José teria morrido com mais de 100 anos e tido quatro filhos de um primeiro casamento. Quando José ficou viúvo, Maria tinha doze anos de idade, e desde os três vivia no Templo, conforme narra, também, o Protoevangelho de Tiago. Narra o episódio do anjo, que aparece em sonhos a José, a história da fuga para o Egito e a morte de Herodes. José, após voltar para Nazaré, teria vivido por longo tempo e, mesmo tendo mais de 100 anos, conforme narra o texto, “não sofria de qualquer doença corporal. Sua visão não vacilou, nem perdeu algum dente de sua boca. Durante toda sua vida, manteve a mente lúcida. Em seus afazeres, teve sempre um vigor juvenil, como o de uma criança. Seus membros estavam sempre intactos e livres de qualquer dor”. Um anjo teria anunciado sua morte dentro de um ano: “Ele foi invadido pelo medo e por grande perturbação”. Então ele foi a Jerusalém e, no Templo, pediu a Deus uma boa morte. Voltou para Nazaré, adoeceu e depois morreu, “como é estabelecido para cada homem”. Sublinha-se um diálogo, em seu leito de morte, entre Jesus e ele, em que José revela a ansiedade sentida quando descobriu que Maria estava grávida e como o anjo apareceu-lhe em um sonho. Jesus eleva uma oração ao Pai para interceder por José e, segundo o texto, teria levado seu corpo e o assistido até o enterro. Assim, de acordo com os textos canônicos, não levando em consideração os textos apócrifos, sobre a vida de José, temos, somente as seguintes considerações. José era descendente da casa de Davi, foi esposo de Maria e pai de Jesus. Viajou a Belém para o recenseamento, conforme decreto do imperador Augusto, época em que Jesus teria nascido. Fugiu com sua família para o Egito, voltando posteriormente com a família, para Nazaré. No livro Quem é quem na Bíblia Sagrada, de Paul Gardner, a menção à José refere-se, somente ao que existe nos textos dos evangélicos canônicos. Percebemos, portanto, que José era um homem justo, conforme relata o Evangelho de Mateus (1:19), mas, também, compassivo e totalmente obediente às leis mosaicas e à vontade de Deus. Independentemente da fonte, se apócrifa ou canônica, a figura de José é de um homem forte, justo, íntegro e que se colocou como um guardião de sua família, sendo um grande exemplo para seu filho, Jesus. Este é o podcast Mundo Espiritual. Eu sou Carlos Biella e a produção, edição e a apresentação são minhas. E o Gustavo Crispim é que faz a arte das capas dos episódios. Ouça ou baixe o podcast, confira o conteúdo do episódio e entre em contato conosco (https://podcastmundoespiritual.blogspot.com/ e http://mundoespiritual.podcloud.site/). Estamos também no Facebook (https://www.facebook.com/podcastmundoespiritual), e Instagram (https://www.instagram.com/podcastmundoespiritual/). Procure por podcast Mundo Espiritual nas diversas plataformas players de podcast. E acompanhe, também, o podcast Espiritualidades, que vai ao ar toda segunda-feira as 20:30 horas, ao vivo, nos canais da web rádio Sintonia no Bem, comigo, Carlos Biella. Bem, esse episódio já vinha sendo trabalhado tem muito tempo, mas deixei para finaliza-lo nesta data, próximo ao “Dia dos Pais”, que neste ano de 2022, foi comemorado dia 14, pouco dias atrás. Então, em homenagem a José, pai de Jesus, fiz esse episódio. Mas, também, em comemoração do Dia dos Pais, homenageio meu querido, amado e saudoso pai, que tanta coisa me ensinou e, creio que muito do que sou hoje, devo a seu exemplo de pai e de homem íntegro que foi. Meu querido pai, que trazia em seu nome o mesmo nome do justo, trabalhador e zeloso pai de Jesus. Assim, receba todo o carinho deste teu filho, cheio de saudades, meu querido pai, Hugo José Biella. Para finalizar, deixo vocês com a música Meu bom José, aqui com o multicantor, como ele mesmo se denomina, Evandro Oliva, num arranjo bem legal. https://youtu.be/UyXyFIcNlQs Fiquem todos em paz e até nosso próximo episódio.


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