EPISÓDIO # 49 - NECESSÁRIO E SUPÉRFLUO
- Carlos A. Biella
- 1 de jun. de 2023
- 1 min de leitura
Atualizado: 23 de jul. de 2023

Necessário e supérfluo.
Eu uso o necessário, somente o necessário; o extraordinário é demais. Mas, afinal, como definir aquilo que é necessário e o que é supérfluo? Sejam todos muito bem-vindos e aproveitem.
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Saudações a todos. Este é o podcast Mundo Espiritual. Eu sou Carlos Biella e a produção, edição e a apresentação são minhas e a arte das capas dos episódios é feita pelo Hugo Biella. Ouça ou baixe o podcast, confira o conteúdo do episódio e entre em contato conosco. Os endereços estão na transcrição do episódio (https://podcastmundoespiritual.blogspot.com/ e http://mundoespiritual.podcloud.site/). Estamos também no Facebook (https://www.facebook.com/podcastmundoespiritual), e Instagram (https://www.instagram.com/podcastmundoespiritual/). Procure-nos, também, nas diversas plataformas players de podcast. Em 1967 estreava o filme de animação da Disney, The Jungle Book, que se chamou, aqui no Brasil, Mogli, o menino lobo. em certa parte do filme, o urso Balú ensina ao menino Mogli como viver somente com o necessário e para isso canta uma canção composta por Terry Gilkyson, The Bare Necessities. E essa música irá nos acompanhar em alguns momentos deste episódio. Aqui a temos com o pianista chinês, Lang Lang. (https://youtu.be/qpO8GiTAGLs) Todos nós gostamos de consumir, não é mesmo? Um passeio ao shopping, uma viagem de férias, um restaurante, um celular novo... Mas, como fazer isso tudo se as contas estão em desequilíbrio? Quando isso ocorre, precisamos cortar tudo que não seja essencial ou necessário e focar os gastos somente naquilo que precisamos para viver, como alimentação, moradia, aluguel, prestações habitacionais, IPTU, contas de energia e água, gastos com saúde, entre outras necessidades. De acordo com o SPC Brasil, quase a metade dos brasileiros que se encontram inadimplentes admitem que poderiam ter evitado algumas compras, pois agiram de modo descontrolado ou por impulso, comprando artigos que não seriam necessários. Temos que buscar, no caso das finanças, comprar somente aquilo que seja realmente necessário e indispensável, como neste exemplo: se eu preciso trocar de óculos porque meu grau de miopia alterou, isso é um gasto essencial. Agora, se eu quiser comprar uma armação nova somente para ficar na moda, isso é supérfluo. Então, como eu decido o que é necessário e o que é supérfluo? Aqui temos The Bares Necessities com The Royal Philharmonic Orchestra, de Londres. https://youtu.be/Il0zNvpqZSU Um curso desenvolvido em 1933 pelo pensador espanhol José Ortega y Gasset transformou-se em um livro intitulado Meditação Sobre a Técnica. Nele, o escritor espanhol fala sobre o sentido da vida humana e o papel que a técnica exerce nesse contexto. Para ele, “é notório que no homem os instintos estão quase apagados, pois o homem não vive, definitivamente, por seus instintos, mas se governa mediante outras faculdades, como a reflexão e a vontade, que operam acima dos sentidos”. Ele afirma que o homem reage a suas necessidades para não morrer e faz coisas para que a natureza não o incomode. No entanto, ele faz muitas outras coisas que não tem esta finalidade tão extrema que é a de permanecer vivo! Ortega diz que o homem primitivo tinha outras necessidades ou problemas para resolver, uma vez que necessitava, basicamente de aquecer-se, alimentar-se e caminhar. Seriam essas suas necessidades básicas, que importavam no sentido de mantê-lo vivo. E explica que a técnica é algo tipicamente humano e serve para fazer uma reforma da natureza que nos faz necessitados dos seus efeitos. Tanto quanto o esforço para não morrer o primitivo fazia coisas que lhe proporcionava prazer. Deste modo, não basta ao homem, desde o início de sua história, viver de qualquer modo. Desde o início, seu empenho era viver bem! Conclui, então Ortega y Gasset que, "o homem é um animal para o qual só o supérfluo é necessário". Necessário segundo o dicionário é aquilo que é indispensável para nós, algo essencial e primordial. Já o supérfluo é uma característica daquilo que transcende o necessário, que pode ser considerado mais do que o essencial. Pode ser entendido como tudo aquilo que transborda, excede, que é a mais, não é necessário, nem indispensável. No entanto, necessário e supérfluo podem variar para cada pessoa. Supérfluo seria aquilo que supera a necessidade, conforme disse São João Crisóstomo, que foi bispo de Constantinopla e uma figura importante do cristianismo primitivo, vivendo entre a metade do século IV e o início do século V. Segundo o bispo, supérfluo é tudo aquilo que está além do que é necessário e orientava seus fiéis a procurar, nas coisas cotidianas como roupa, alimento e lugar para dormir, somente aquilo que fosse necessário, pois aquilo que é supérfluo seria inútil. Já Santo Agostinho, que foi bispo de Hipona, também entre os séculos IV e V, dizia para os ricos usarem do próprio supérfluo para dar o necessário aos pobres. Atentem para o que ele disse: usar do próprio supérfluo para dar o necessário para alguém. Segundo Santo Agostinho, quando a pessoa tem algo para comer e vestir já teria o suficiente para se considerar uma pessoa contente e feliz. Assim, para alguns, fazer a caridade usando o supérfluo, pode, para muitos, tornar-se o necessário. Então, busquemos a partilha das coisas com as pessoas que nada possuem. Caso eu tenha mais daquilo que é necessário para meu sustento, no que diz respeito à alimento, roupas ou outras coisas, seria de fundamental importância a distribuição com aqueles que não possuem nada. Concordam? Ah, querem ver a diferença entre necessário e supérfluo? Entre num supermercado. Normalmente, tudo o que é necessário, fica no fundo e os supérfluos ficam na frente, na entrada. Assim, ao entrarmos num supermercado, damos de cara com os supérfluos, antes de encararmos as necessidades. Nem sempre teremos aquilo que queremos, mas, podemos tentar buscar aquilo que realmente precisamos. Assim, querer é uma coisa e precisar é outra. Ou seja, desejo e necessidade. Existe uma fala atribuída a Platão sobre isso. Durma no chão por um mês e passe a pão e água. Qualquer coisa além disso, é desejo. A necessidade é dormir, mas onde dormir, é desejo. Alimentar-se é necessidade, com o que, é desejo. Na maioria das vezes, necessário é o que eu preciso e supérfluo é o que eu desejo. O problema é que, quando esses desejos não são atendidos, isso pode nos levar a frustrações. Então, o que é realmente necessário para mim? Veja o caso dos alimentos. Lendo uma cartilha do Ministério da Saúde sobre alimentação saudável, entendemos que os alimentos fornecem os nutrientes que são necessários para formar ou manter os tecidos do corpo, regular processos orgânicos e fornecer energia. Aqui está uma diferenciação importante. Necessitamos nos alimentar, para que nosso corpo físico se mantenha, mas não precisamos comer em excesso, pois as calorias em excesso vão se acumulando e podem gerar doenças. Ou seja, alimentar-se é necessário, em excesso é supérfluo e prejudicial. Afinal, o que eu quero? Aqui querer no sentido de necessidade e não somente de vontade. Então, você tem fome de quê? Você tem sede de quê? Temos aqui a música Comida, com os Titãs. A música é de Sergio Britto, Marcelo Fromer e Arnaldo Antunes e foi lançada no álbum Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas, em 1987. https://youtu.be/94SR1WNOHcw O que seria, então, desejo, necessidade e vontade? Vejam, desejo é um substantivo, com significado de aspiração, de querer, de expectativa de possuir ou alcançar alguma coisa. Necessidade, entre outros significados, pode ser aquilo que é imprescindível. Já vontade seria a faculdade que tem, todo ser humano, de querer, de escolher alguma coisa ou de fazer ou não certos atos. Se buscarmos o entendimento pelo lado financeiro, as coisas ficam um pouco mais claras. Em nosso cotidiano, esses conceitos se misturam, principalmente quando da tomada de decisão de consumo, podendo nos levar a gastar mais do que seria necessário. Vejam esse exemplo. Hoje é uma data importante para você e que merece uma comemoração. Então, você quer sair pra jantar e pensa em caprichar. Pensa em ir a um restaurante mais caro e tomar um bom vinho. Tudo bem, se é uma data comemorativa e você consegue organizar suas contas, sem problema. Mas se hoje é um dia normal, você não quer fazer nada para jantar e vem ao seu pensamento, ir jantar naquele restaurante caro, aí está o momento para buscarmos a diferença entre os três conceitos. Vejam bem: o que é necessidade aqui? jantar. E o que é vontade? Sair pra jantar fora. E o que é o desejo? Ir a um restaurante caro. Nesse caso, analisemos, nossa condição financeira e tomemos a melhor decisão. Então, o que é necessidade aqui? Jantar. O que é vontade? Sair pra jantar fora. Qual o motivo para você querer isso? Porque você não quer cozinhar. Então, não seria o caso de pedir algo para comer? Algo que seja mais em conta? E quanto ao meu desejo de ir a um restaurante caro? Bem, posso deixar pra uma data comemorativa. Perceberam? Pense bem quanto você está trocando desejo, necessidade e vontade em suas decisões. Afinal, a gente não quer só comida, a gente quer bebida, diversão, balé..., mas, que caibam no nosso orçamento. Não é isso? Encontrei este texto de Ewerton Veloso, na internet, quando pesquisava sobre o tema deste episódio. Ewerton Veloso é administrador e este texto é de 2014 e tem por título “Como diferenciar o necessário e o supérfluo?”. Qualquer pessoa que deseje melhorar sua situação financeira deve, necessariamente, conhecer seus gastos. A maioria dos programas de gerenciamento de finanças pessoais em algum ponto sugere que façamos um julgamento, digamos, moral das nossas despesas: é necessário ou supérfluo? É claro que esse julgamento é subjetivo e muito particular, já que se comunica diretamente com nossos valores. Mas a subjetividade precisa de limites. Caso contrário, cairemos num vale-tudo que não nos leva a lugar nenhum. Nesse meu texto de estreia decidi falar sobre esse assunto e, para isso, recorro a duas situações recentes que presenciei em sala de aula. A primeira delas ocorreu em um curso de finanças pessoais. Quando falávamos sobre a distinção entre necessário e supérfluo, um colega declarou que, para ele, ter café espresso em casa é uma necessidade. Entendo o que ele quis dizer, mas não concordo. Partindo para o pantanoso terreno da especulação, suponhamos que ele gaste uns R$ 150 mensais com o tal café – umas duas ou três cápsulas por dia. É um sujeito bem empregado, organizado, sei que isso não afeta em nada suas economias. Além disso – e aí mora o principal –, ele realmente adora café. Eu não estou, absolutamente, condenando o hábito dele, mas me recuso a classificar café espresso como necessário. A ele pode até parecer assim, levando em conta que existe quase uma devoção e que não há perspectiva de que algum dia ele precise abrir mão disso por razões financeiras. Mas insisto: necessário não é. A outra situação de que me lembrei ocorreu quando eu conversava com meus alunos sobre finanças pessoais. A certa altura, pedi que levantassem a mão os que usam aparelho ortodôntico. Uns seis ou sete levantaram. Em seguida, perguntei quais deles usavam o aparelho com fins estéticos. Uma aluna levantou timidamente a mão, outras duas alegaram defensivamente que havia razões fisiológicas, outros ficaram calados. A expectativa da turma era a de que eu classificasse o aparelho como supérfluo. Para a surpresa de alguns e alívio de outros, afirmei que, em minha opinião – e ressaltei que era apenas minha opinião –, ele é uma necessidade, porque devolve a autoestima. Imediatamente, dois alunos que estavam em silêncio confirmaram que, antes de usar o aparelho, eles tinham vergonha de sorrir, e agora não tinham mais. “Então”, completei, “alguém vai me dizer que isso é supérfluo?”. Este é o dilema do necessário e do supérfluo. Algumas vezes, a questão é semântica – é possível que eu e aquele meu colega do café pensemos exatamente da mesma forma sobre o hábito dele, mas eu prefiro chamar de supérfluo, e ele, de necessário. Outras vezes é questão de opinião. E, muitas vezes, é questão de prioridade. Digamos que o aparelho ortodôntico seja necessário e que o material escolar do filho também o seja. Qual dos dois é mais importante? Eu diria que, em princípio, é o material escolar. Caso a pessoa precise sacrificar um dos dois, sacrifique-se o aparelho. Que nem por isso deixa de ser necessário. A pergunta que intitula esta coluna permanece sem resposta exata. Não era minha pretensão respondê-la, mas sim convidar o leitor à reflexão, sem cair na permissividade e sem se prender a uma austeridade exagerada. É, como eu disse anteriormente, necessário e supérfluo podem variar para cada pessoa. Cada um de nós, decide o que é um e outro. Existe uma pequena história, conhecida por muitos. Não sei quem é o autor, mas ela cabe muito bem nesse tema. Conta-se que tempos atrás, um turista americano foi à cidade do Cairo, no Egito, com o objetivo de visitar um famoso sábio. Ao encontrar sua casa, o turista ficou surpreso ao ver que o sábio morava num quartinho muito simples. As únicas peças de mobília eram uma cama, uma mesa e um banco. Então, o turista perguntou ao sábio: onde estão seus móveis? E o sábio, bem depressa olhou ao seu redor e perguntou também: e onde estão os seus? O turista surpreendeu-se e disse: os meus?! Mas estou aqui só de passagem! Eu também, disse o sábio e completou: a vida na Terra é somente uma passagem, no entanto, alguns vivem como se fossem ficar aqui eternamente, e esquecem-se de ser felizes. Pois é, a felicidade se encontra nas emoções e nos relacionamentos e não nas coisas. As coisas só valem pela capacidade de satisfazer alguma necessidade vital ou para permitir a expressão de algum sentimento ou emoção. O alimento vale porque mata a fome; a roupa, porque abriga o corpo; a cama, porque propicia o repouso. Todas essas são necessidades vitais, sem as quais o corpo físico perece. Quem disse isso foi José Pio Martins, professor de Economia do Centro Universitário Positivo, na Seção Opinião do jornal, lá de Curitiba, A Gazeta do Povo, em sua edição do dia 03/11/2005. Segundo ele, o alimento, a roupa e a cama, seriam elementos necessários para nosso corpo. Já uma música valeria pela sensação de êxtase; um romance, pelo prazer da leitura; uma comédia, pela alegria do riso. Essas seriam emoções da mente, do espírito ou da alma. Sem elas, o corpo não perece, mas o ser humano se entristece. Há produtos que atendem às duas necessidades: a vital e a emocional. Quando alguém compra uma roupa bonita, ela abriga o corpo, mas também permite o exercício da vaidade, cumprindo, assim, as duas funções. Temos aqui o necessário e o supérfluo em harmonia. Talvez o que precisamos é aprender a viver desta forma, em harmonia. Então, vamos lá, viver, e não ter a vergonha de ser feliz... Aqui temos a música de Gonzaguinha, O que é, o que é? com cantora paulista lá de Avaré, Bruna Caran, no DVD Alívio, gravado ao vivo no Teatro das Utopias, em São Paulo, em 2019. https://youtu.be/92lJsXYUApI Trago agora um trecho do Capítulo 13, Desejo, Gozo e Bem-Aventurança, do livro Momentos de Alegria, de Joanna de Angelis, psicografia de Divaldo Franco, lançado em 1989. Diz Joanna de Angelis... O homem tem necessidades reais e imaginárias. As primeiras são pertinentes ao processo da sua evolução. As outras são criadas pela sua mente, em artifícios para o gozo, o prazer. Não sabendo distingui-las ou não querendo compreendê-las, dá preferência, não raro, às secundárias, deixando de lado as essenciais. Concede caráter de primazia àquelas que dizem respeito aos sentidos imediatos, em detrimento daquelas outras que proporcionam as emoções duradouras. Segundo Joanna de Angelis, o desejo do prazer é responsável pelas mais diversas aflições humanas e o prazer é um artifício criado pela excitação da mente humana. E complementa, no mesmo texto: Se almejas, em realidade, a paz — pleno gozo da realização pessoal – libera a mente do desejo, e a consciência da excitação que diz respeito à necessidade falsa que foi criada. Não raro o desejo, ao invés de reduzir as necessidades imaginárias, mais as estimula, buscando artifícios e justificações. Deste modo, estarás sujeito a maior soma de sofrimento em razão de não poderes ficar adstrito às mesmas, já que, inevitavelmente, despertarás para a realidade e para aquelas que são fundamentais. Faze uma avaliação daquilo a que aspiras e, ante o sofrimento que o desejo proporciona, renuncia, mesmo que o experimentes agora, às necessidades de importância secundária, fixando-te no atendimento àquelas que dizem respeito à tua imortalidade e serão eternas como bem aventuranças na tua vida. Grande Joanna de Angelis, sempre nos pegando no ponto certo. Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, nos traz questões a respeito do tema de nosso episódio. A terceira parte do livro, fala das leis morais e, a respeito da lei de conservação, no tópico que trata do necessário e supérfluo, temos três questões. Na questão 715, temos: Como pode o homem conhecer o limite do necessário? A resposta foi a seguinte: Aquele que é ponderado o conhece por intuição. Muitos só chegam a conhecê-lo por experiência e à sua própria custa. Segue a questão 716: Mediante a organização que nos deu, não traçou a Natureza o limite das nossas necessidades? Inteligente a pergunta de Kardec. E a resposta foi: Sem dúvida, mas o homem é insaciável. Por meio da organização que lhe deu, a Natureza lhe traçou o limite das necessidades; porém, os vícios lhe alteraram a constituição e lhe criaram necessidades que não são reais. E na questão 717, Kardec pergunta: Que se há de pensar dos que açambarcam os bens da Terra para se proporcionarem o supérfluo, com prejuízo daqueles a quem falta o necessário? Vejam a resposta: Olvidam a lei de Deus e terão que responder pelas privações que houverem causado aos outros. Kardec ainda faz a seguinte observação: Nada tem de absoluto o limite entre o necessário e o supérfluo. A Civilização criou necessidades que o selvagem desconhece e os Espíritos que ditaram os preceitos acima não pretendem que o homem civilizado deva viver como o selvagem. Tudo é relativo, cabendo à razão regrar as coisas. A Civilização desenvolve o senso moral e, ao mesmo tempo, o sentimento de caridade, que leva os homens a se prestarem mútuo apoio. Os que vivem à custa das privações dos outros exploram, em seu proveito, os benefícios da Civilização. Desta têm apenas o verniz, como muitos há que da religião só têm a máscara. Seguindo, ainda, na questão seguinte, 718, temos o seguinte questionamento: A lei de conservação obriga o homem a prover às necessidades do corpo? Vejam a resposta: Sim, porque, sem força e saúde, impossível é o trabalho. Para finalizar essa parte, na questão 719, Kardec pergunta: Merece censura o homem, por procurar o bem-estar? Pergunta interessante, não? Uma vez que a procura pelo bem-estar pode estar ligada diretamente com essa questão entre necessário e supérfluo. Lógico que cada um de nós tem sua própria opinião do que vem a ser bem-estar, sendo que o que vale para um não deve valer para todos. E qual foi a resposta da pergunta? É natural o desejo do bem-estar. Deus só proíbe o abuso, por ser contrário à conservação. Ele não condena a procura do bem-estar, desde que não seja conseguido à custa de outrem e não venha a diminuir-vos nem as forças físicas, nem as forças morais. Então, uma cirurgia plástica, com intuito de buscar o bem-estar, através da beleza, seria um abuso? Seria supérfluo? Devemos condenar quem busca por isso? De maneira alguma. Vejam o conteúdo da resposta: É natural o desejo do bem-estar. Sua busca não é proibida, o que temos que buscar é não nos colocarmos em prejuízo físico ou financeiro por conta disso. Ou seja, as coisas em si, o dinheiro em si, não são problema. O problema se encontra no abuso tanto das coisas quanto do dinheiro. O verdadeiro abuso está no uso indevido que se faz deles. Aqui Raul seixas com a música Não fosse o Cabral, do álbum Carimbador Maluco, de 1983. Como diz Raul... Miséria é supérfluo, o resto é que tá certo... https://youtu.be/cIJ5chs_cNE Como eu disse, o conceito de bem-estar não é único e cada um de nós procura busca-lo de acordo com nossas próprias vontades e necessidades. Muitas vezes associamos o conceito de bem-estar ao dinheiro, uma vez que, tendo dinheiro, ficaria mais fácil buscar o bem-estar. Para quem pensa assim, lembro da passagem do Evangelho de Mateus (19:21), onde aquele jovem, identificado como sendo rico, pergunta a Jesus o que fazer para entrar no Reino dos Céus e ter a vida eterna. Jesus lhe responde: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me. O jovem, então, teria desistido de seguir Jesus, pois era possuidor de muitas propriedades e não conseguiria se desapegar de suas riquezas. E quanto a nós? Será que conseguimos? Vamos caminhando para o final deste episódio, mas, antes, trago para vocês essa bela reflexão, que é atribuída à Chico Xavier e, de vez em quando, circula na internet: Uns queriam uma vida mais amena...outros, apenas viver. Uns queriam pais mais esclarecidos...outros, ter pais. Uns queriam um emprego melhor...outros, só um emprego. Uns queriam uma refeição mais farta...outros, só uma refeição. Uns queriam ter olhos claros...outros, enxergar. Uns queriam ter voz bonita...outros, falar. Uns queriam silêncio...outros, ouvir. Uns queriam sapato novo...outros, ter pés. Uns queriam um carro...outros, andar. Uns queriam o supérfluo...outros, apenas o necessário. Diante disso tudo, será que não valorizamos demais o supérfluo e esquecemos o necessário? Na dúvida, façamos como o urso Balú, ensinando para o menino Mogli... Este é o podcast Mundo Espiritual e a produção, edição e a apresentação são minhas, Carlos Biella e o Hugo Biella é que faz a arte das capas dos episódios. Ouça ou baixe o podcast, confira o conteúdo do episódio e entre em contato conosco pelos endereços que estão na transcrição do episódio (https://podcastmundoespiritual.blogspot.com/ e http://mundoespiritual.podcloud.site/). Estamos também no Facebook (https://www.facebook.com/podcastmundoespiritual), e Instagram (https://www.instagram.com/podcastmundoespiritual/). Procure-nos nas diversas plataformas players de podcast. Se você se interessar, tenho minhas palestras e vários outros vídeos em meu canal no YouTube. Procure por Carlos Biella, inscreva-se no canal e nos acompanhe. Deixei o link na transcrição do episódio (https://www.youtube.com/channel/UCMpcMSh6nbb9LtujlgfabOA). E vamos encerrando com Paulo de Tarso na sua Carta aos Filipenses: aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade. Em resumo a tudo isso que aqui falei, deixo essa reflexão para vocês. Talvez não tenho na vida tudo aquilo que desejo, mas, nem tudo que desejo, eu preciso. Tem muita coisa que não me é necessária. Então, que tal eu buscar aquilo que realmente é necessário para eu viver? Porque não fazer disso minha filosofia de vida? Deixo vocês com Filosofia de vida, de Martinho da Vila, Fred Camacho e Marcelinho Moreira, música tema do documentário O pequeno burguês – Filosofia de Vida, de 2009, com direção de Edu Mansur e Marco Mazzola, na bela interpretação de Ana Carolina. https://youtu.be/vZfVdiEFFzI Fiquem todos em paz, buscando sempre aquilo que é necessário para sua vida e até nosso próximo episódio.
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