EPISÓDIO # 51 - A NOITE DE SÃO BARTOLOMEU
- Carlos A. Biella

- 20 de jul. de 2023
- 1 min de leitura
Atualizado: 23 de jul. de 2023

A Noite de São Bartolomeu.
Você já ouviu falar sobre a Noite de São Bartolomeu? Sabe seu contexto histórico ou seu contexto religioso? Então, venha conosco para saber um pouco mais sobre uma das mais trágicas passagens da história humana. Sejam todos muito bem-vindos e aproveitem.
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Saudações a todos. Este é o podcast Mundo Espiritual. Eu sou Carlos Biella e a produção, edição e a apresentação são minhas. Já a arte das capas dos episódios é feita pelo Hugo Biella.
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E hoje vamos falar de história! Vamos voltar no tempo para falarmos de um triste episódio ocorrido na França, no século XVI, onde cristãos mataram milhares de outros cristãos, num evento que entrou para a história como o massacre da Noite de São Bartolomeu.
Mas, antes de falarmos sobre esse trágico evento, vamos falar sobre quem foi Bartolomeu.
Ao fundo estamos ouvindo a música Bartolomeu talvez Natanael, do cantor evangélico paulista, Guilherme Kerr Neto. A música faz parte do álbum Eram Doze, gravado em 1988 por Guilherme Kerr, com participações de cantores e amigos.
Bartolomeu foi um dos 12 apóstolos escolhidos por Jesus quando de seu convívio entre nós. Ele é citado nos 4 evangelhos canônicos, embora somente o evangelho de João o trate pelo nome Natanael.
O nome Bartolomeu vem do aramaico, com uma referência patronímica, ou seja, referente ao nome do pai. Sabemos que o termo Bar, em aramaico, designa “filho de”, o que nos leva ao nome Bartolomeu sendo uma derivação de Bar Thalmay ou filho de Thalmay. Alguns historiadores fazem alusão ao seu pai como tendo o nome grego Ptolomeu, sendo, então, Bar Ptolomeu, ou Filho de Ptolomeu. O nome Natanael vem do hebraico e seria a junção de nathá, que quer dizer “ele deu”, e El, que significa “Deus”. Sendo assim, Natanael poderia significar “presente de Deus”.
De acordo com o livro Quem é quem na Bíblia Sagrada, de Paul Gardner, Natanael poderia ser o primeiro nome do discípulo e Bartolomeu sua designação patronímica.
Segundo historiadores, Bartolomeu teria pregado o cristianismo na Ásia, chegando até a Índia. Alguns relatam que morreu decapitado, outros que teria sido esfolado e posteriormente crucificado. Quanto a isso, existe uma pintura no altar da Capela Sistina, no Vaticano, feita pelo grande Michelangelo, representando o Juízo Final, onde podemos ver Bartolomeu segurando sua própria pele com a mão esquerda e na direita segurando um alfange que teria sido usado em seu suplício. Seus restos mortais, de acordo com a Igreja Católica, estariam em Roma, na Igreja que foi dedicada em seu nome. Existe, na Catedral de Milão, uma exuberante escultura de São Bartolomeu esfolado, feita por Marco d’Agrate em 1562. Os detalhes da escultura são de arrepiar!
São Bartolomeu tem sua data comemorativa no dia 24 de agosto e ele é considerado o santo padroeiro dos padeiros, alfaiates, sapateiros, açougueiros e comerciantes em geral. No sincretismo do candomblé, é representado pelo orixá Oxumaré.
E agora, vamos buscar na história da humanidade, as origens de todo o problema.
Para nos acompanhar ao longo deste episódio, trago a Suite bergamasque, uma composição para piano de Claude Debussy, compositor francês, que começou a compô-la por volta de 1890 e foi revisando ao longo dos anos, publicando-a somente em 1905. Será essa composição que irá nos acompanhar em grande parte deste episódio. https://youtu.be/EwtHt9Qe8tU
Primeiro, é importante ressaltar a figura de Johannes Gutenberg, um inventor alemão, que criou um sistema de prensa e tipos móveis de metal, que revolucionaram a técnica de impressão.
Gutemberg produziu em 1456, a primeira bíblia impressa da história. Com isso, tivemos uma verdadeira revolução cultural que se tornou um elemento fundamental da propagação do que ficou conhecido como Reforma Protestante. Esse surgimento das impressoras propiciou que líderes religiosos disponibilizassem ao povo os textos da Bíblia. Entre esses, temos Martinho Lutero.
O movimento da Reforma Protestante pretendia que as crenças e doutrinas do cristianismo tivessem por base e fundamento unicamente os princípios ensinados pelas Sagradas Escrituras. Isso se colocava em oposição ao pensamento da Igreja Católica Romana. Dentre os principais líderes da Reforma Protestante temos Martinho Lutero, na Alemanha, Ulrico Zuínglio, na Suíça, e João Calvino, na França e Genebra. O movimento tem como data de surgimento, 31 de outubro de 1517, na cidade alemã de Wittenberg, onde o então frade agostiniano Martinho Lutero publicou as 95 teses criticando a venda de indulgências como forma de oferecer o perdão dos pecados ao homem. Lutero criticou a autoridade da instituição católica, pela maneira como administrava a religiosidade, a venda das indulgências e do perdão, o que acabava por afastar o cristão de buscar esse perdão através de vivenciar a religião cristã.
Para vocês terem uma ideia, em 1517. Lutero teria dito: “Comete-se injustiça contra a Palavra de Deus quando, no mesmo sermão, se consagra tanto ou mais tempo à indulgência do que à pregação da Palavra”.
Ele baseou-se nas palavras de Paulo em sua Carta aos Romanos, dizendo que o cristão devia ser movido pela fé e através dela conseguiria o perdão. Assim, Lutero colocava o cristão diretamente em contato com Deus, sem necessidade de um intermediário, conseguindo o perdão, não pelo pagamento de indulgência, mas sim pela fé e pelo arrependimento.
Já Calvino foi quem pensou, propôs e orientou essa nova perspectiva. Assim, o cristão passaria a perceber que ele seria responsável pela sua ligação com Deus e somente com suas atitudes ele conseguiria o perdão.
Essa Reforma Protestante foi um movimento religioso que acabou por transformar a sociedade europeia a partir do século XVI, uma vez que seus paradigmas teológicos sobre a Igreja e seus seguidores, desenvolviam novas atitudes religiosas que culminaram em modificações culturais, políticas, econômicas e sociais.
Com Lutero, surge na Alemanha, a Igreja Luterana e com Calvino, surge, na Suíça, a Igreja Calvinista.
Na Inglaterra, o rei Henrique VIII, então casado já a 17 anos com Catarina de Aragão, pediu ao Papa a anulação de seu casamento, uma vez que não estava sendo possível a geração de um herdeiro masculino desta união. Nascera somente uma menina que viria a ser conhecida como Maria Tudor. Henrique queria se casar com Ana Bolena. Seu pedido foi feito em 1527 e o papa Clemente VII, foi retardando o processo, esperando que Henrique desistisse de seu intento. No entanto, em 1529 o papa ameaçou excomungar Henrique VIII caso se casasse sem o consentimento da Igreja. Em 1531, Henrique declara-se chefe da nova Igreja Anglicana, casando-se com Ana Bolena e ele mesmo anulando seu casamento anterior. Desde casamento, nasceria Elizabeth I e, por não dar um filho homem ao rei, este dissolveu seu casamento com Ana Bolena e mandou executa-la.
Num movimento contrário, por parte da Igreja, surge a Contrarreforma Católica, entre 1545 a 1563, através do Concílio de Trento, com valorização da Autoridade papal e da instituição, além da proibição de leituras protestantes e reformadoras.
Temos, então, a definição das diferenças entre católicos e protestantes.
Como consequências desse momento histórico onde as lideranças católicas e protestantes assumiram suas diferenças teológicas e consolidaram sua divisão institucional, os diversos Estados e regiões da Europa, nas décadas posteriores, assumiram posições católicas ou protestantes., o que acabou por proporcionar uma época de conflitos, conhecida por “guerras religiosas”.
Foram batalhas entre católicos e protestantes ocorridas em diferentes regiões da Europa entre os séculos XVI e XVII. Começaram na França em 1562, passando pela Revolta Holandesa, conflitos na Espanha católica diante da Inglaterra, protestante. Em 1618, o Imperador Fernando do Império Romano-Germânico, inicia a Guerra dos Trinta Anos, que se estendeu até 1648, perseguindo os protestantes que residiam nas regiões localizadas em territórios da Alemanha e da Áustria.
É nesse contexto histórico que surgiu o massacre da Noite de São Bartolomeu.
Yuval Noah Harari, no livro Sapiens, uma breve história da humanidade, diz, que “as guerras religiosas entre católicos e protestantes que varreram a Europa nos séculos XVI e XVII são particularmente conhecidas. Todos os envolvidos aceitavam a divindade de Cristo e Seu evangelho de amor e compaixão. No entanto, discordavam quanto à natureza desse amor. Os protestantes acreditavam que o amor divino é tão grande que Deus encarnou e se permitiu ser torturado e crucificado, redimindo, desse modo, o pecado original e abrindo as portas do Céu a todos aqueles que professassem a fé Nele. Os católicos defendiam que a fé, embora essencial, não era suficiente. Para entrar no Céu, os crentes tinham de participar de rituais na igreja e fazer boas ações.
Os protestantes se recusavam a aceitar isso, argumentando que essa compensação diminuía a grandeza e o amor de Deus. Quem quer que pense que a entrada no Céu depende de suas boas ações magnifica sua própria importância e insinua que o sofrimento de Cristo na cruz e o amor de Deus pela humanidade não são suficientes”.
E para chegarmos até o que foi a Noite de São Bartolomeu, precisamos entender o contexto político desta região na Europa do século XVI.
Dentro do cenário das guerras religiosas, estas aconteciam de modo mais expressivo na França e na Espanha.
Contudo, essa moldura religiosa na realidade era um pretexto, numa época em que o poder era tudo, menos laico, e o que também ocorria eram disputas geopolíticas e no meio disso tudo, confrontavam-se católicos e reformadores protestantes.
O trono francês era ocupado pela Casa de Valouis, de tradição católica e que reinou entre 1328 e 1589. Mesmo assim, o protestantismo, representado pelo calvinismo avançava, em especial, nas regiões sul e oeste da França, com muitos nobres entre seus partidários.
Com a morte do rei Henrique II, em 1559, sua esposa, a rainha Catarina de Médici, tornou-se regente, uma vez que o herdeiro, Carlos IX só tinha 10 anos de idade.
Catarina de Médici vinha de uma família fortemente antiprotestante e, segundo alguns autores, era uma mulher fria, detentora de um marcante instinto de poder.
Agora sim, podemos embarcar em nossa máquina do tempo e voltarmos até agosto de 1572. Vamos lá...
Aqui estamos, Paris, agosto de 1572. Estamos próximos ao dia em que será celebrado um casamento real, visando acabar com as batalhas entre católicos e protestantes. Lembrando que na França, os protestantes eram chamados de huguenotes, não se tem muita certeza da razão, talvez devido à Besançon Hugues, líder religioso protestante suíço.
O casamento fora marcado para o dia 18 de agosto de 1572 e, pensava-se que colocaria um ponto final no terrível período de lutas religiosas entre católicos e huguenotes, ou seja, protestantes. Estariam se casando um protestante e uma católica. Henrique de Bourbon, que viria a ser futuramente rei da França, como Henrique IV e, também, rei de Navarra, como Henrique III, era um líder entre os huguenotes. Sua futura esposa era Margarida de Valois, mais conhecida como Margot, princesa da França, filha do falecido rei Henrique II e da então rainha Catarina de Médici, sendo irmã do rei Carlos IX, então com 21 anos e que não detinha, efetivamente, o controle do reino.
Para este casamento, milhares de huguenotes de todo o país, principalmente a nata da nobreza francesa, foram convidados.
O casamento não foi realizado na Catedral de Notre-Dame, pois o noivo protestante não deveria entrar em seu interior. Então, construiu-se um palco, diante da catedral, sobre o rio Sena, no qual celebrou-se o casamento. Alguns textos dizem que, ao ser perguntada se desejava desposar Henrique, Margarida somente acenou com a cabeça, não respondendo verbalmente à pergunta. Ora, era um casamento arranjado, com motivação exclusivamente política.
A Igreja se apresentava como o grande esteio daquela França do século XVI e havia toda uma nobreza católica nela infiltrada, especialmente a influente família Guise.
Paris mostrava uma paz aparente. Havia uma suposta trégua entre católicos e protestantes, devido ao casamento de Henrique e Margot.
Tudo corria bem, até o dia 22 de agosto, quando um atentado a bala acertou o almirante Gaspard de Coligny, um dos principais líderes protestantes franceses. Coligny não morreu nesse incidente, mas isso elevou a temperatura em Paris.
Não existe um consenso sobre quem estaria por trás do atentado, muitos historiadores acreditam que tenha sido arquitetado pela própria rainha Catarina, talvez com a participação dos Guise.
A maioria católica espalhou um boato sobre os huguenotes estarem planejando uma resposta ao atentado. Então, Carlos IX foi pressionado por sua mãe, Catarina, para que executasse Coligny. Carlos vacilou, mas acabou cedendo e ordenando sua execução.
Consta que, aproveitando-se desta situação, os nobres católicos teriam preparado uma lista contendo os nomes de vários líderes huguenotes que também deveriam ser executados, o que deixaria os huguenotes sem liderança.
Os soldados começaram as execuções na madrugada do dia 23 para o dia 24 de agosto, o dia consagrado à São Bartolomeu. Mas, as coisas saíram de controle e as execuções extrapolaram os líderes huguenotes e todos os que eram identificados como huguenotes, eram assassinados.
Nesta fatídica madrugada, o almirante Coligny foi assassinado, juntamente com milhares de pessoas que professavam a mesma fé.
Carlos IX tentou, em vão, suspender os assassinatos, com uma ordem real emitida no dia 25 de agosto, mas não teve efeito e o massacre continuou até outubro, chegando a várias outras cidades francesas. Estima-se que cerca de três mil protestantes franceses foram mortos somente em Paris e até setenta mil em toda a França.
O rei Henrique de Navarra sobreviveu à noite de São Bartolomeu, tendo que renegar a sua fé e foi preso no Louvre, de onde conseguiu fugir, quatro anos depois. Retornou ao seu reino em Navarra e, anos depois, assumiu o trono francês, como Henrique IV.
Henrique permaneceu católico, mas tendo uma tendência espiritual para com os huguenotes. Concedeu-lhes a igualdade de direitos políticos através do Édito da Tolerância de Nantes, assinado em 13 de abril de 1598. Pelo documento, estabelecia-se que o catolicismo permanecia a religião oficial da França, mas os huguenotes estavam livres para praticarem sua própria religião.
No livro A History of Christianity, o professor e historiador estadunidense Clyde Manschrek, professor na Universidade Rice, nos Estados. Unidos, relata que as ruas de Paris ficaram cobertas de cadáveres, os rios ficaram manchados, as portas e os portões do palácio respingados com sangue. Muitos corpos foram atirados ao Sena, sendo que, segundo informações da época, mais de mil corpos foram retirados do rio nos dias seguintes ao massacre. Não existe um consenso entre o número de mortos, mas, a maioria dos historiadores fica com um número entre 20 mil e 50 mil mortes neste massacre.
O que ninguém questiona foi a brutalidade da violência que se viu pelas ruas. Poucos protestantes franceses que foram a Paris, escaparam com vida. Também houve mortes do lado dos católicos, porém, em menor número.
Dizem alguns historiadores que, quando a notícia teria chegado ao papa Gregório XIII, este teria celebrado uma missa em alusão ao ocorrido. Só que, para alguns, ele teria é celebrado a missa como ação de graças pela morte dos chamados hereges, o que só colocou mais lenha nesta fogueira entre católicos e protestantes.
E quais foram as consequências do massacre da Noite de São Bartolomeu?
Primeiramente, ele praticamente acabou com o calvinismo na França, uma vez que suas principais lideranças morreram ou tiveram de fugir do país. Mas, uma outra consequência foi o desenvolvimento teórico de um debate que questionava a própria ideia de absolutismo francês. Ora, se o rei era visto como um representante de Deus na Terra, como enfrentar esse representante? Os protestantes acabaram desenvolvendo uma teoria de resistência, com a publicação de muitas obras de intelectuais protestantes. Ou seja, como aponta o historiador e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo, Gerson Leite de Moraes, de uma aparente derrota, surgiram, na sequência, trabalhos muito interessantes de contestação ao poder absolutista, no final do século XVI e começo do século XVII.
Na Revista Espírita de setembro de 1858, encontramos um artigo intitulado “Os gritos da noite de São Bartolomeu”. Diz o artigo:
No livro História da Ordem do Espírito Santo, lançado em 1778, o historiador Germain-François Poullain de Saint-Foix, cita a seguinte passagem, retirada de uma coletânea do marquês Christophe Juvenal des Ursins, importante militar de Paris, escrita ao final do ano de 1572 e impressa em 1601. Diz o marquês:
No dia 31 de agosto de 1572, oito dias após o massacre de São Bartolomeu, eu tinha ceado na casa da Senhora de Fiesque. Durante todo o dia havia feito muito calor. Fomos sentar-nos ao lado do rio Sena, para respirar ar fresco. De repente ouvimos no ar um barulho horrível de vozes tumultuosas e de gemidos misturados a gritos de raiva e de furor. Ficamos imóveis, tomados de pavor, olhando-nos de vez em quando, mas sem coragem de falar. Creio que esse barulho durou cerca de meia hora. Por certo o rei Carlos IX o ouviu, ficou apavorado e não dormiu o resto da noite; contudo não fez comentários no dia seguinte, mas foi notado o seu ar sombrio, pensativo e desvairado.
Consta que o rei Carlos IX, duas horas depois de se haver deitado, saltou da cama, fez com que os camareiros se levantassem e mandou dar busca, pois ouvia no ar um grande barulho de vozes e gemidos, em tudo semelhantes aos que se ouviam na noite do massacre; que todos esses gritos eram tão chocantes, tão marcados e tão distintamente articulados, que Carlos IX pensou que seus inimigos estivessem atacando de surpresa e enviou um destacamento de sua guarda para impedir um novo massacre. Os guardas informaram que Paris estava tranquila e que todo aquele barulho que se ouvia permanecia no ar.
De acordo com essas observações, podemos ver que se tratou de uma quantidade de Espíritos que fizeram o ar vibrar e assumir sons de gritos e gemidos, que foram ouvidos por boa parte de Paris.
Assim, temos essa fatídica página na história humana, que aconteceu, exatamente no dia consagrado a São Bartolomeu. Ainda bem que temos muitas comemorações festivas ao longo do mundo, nesta data, especialmente em Portugal.
Aqui temos Cristiana Sá & Companhia, grupo português, com a música Vira de São Bartolomeu, lançado em 2022 no álbum O Nosso Portugal. Arrede os móveis da sua casa e vamos dançar o vira. https://youtu.be/NxiAxaEz03k
Deixo algumas sugestões de leitura e vídeo que podem ajudar a entender melhor esse trágico evento.
Wera Ivanova Krijanowskaia foi uma médium russa, que viveu entre 1857 e 1924 e que psicografou diversos romances, ditados pelo Espírito J. W. Rochester. Entre estes romances, temos A Noite de São Bartolomeu, lançado em 1896. Neste romance, temos toda a história relatada, sendo uma grande fonte de informações sobre o contexto histórico, político e religioso deste evento.
Temos, também, o livro A Rainha Margot, escrito por Alexandre Dumas em 1844, que conta a história de Margarida de Valois, mais conhecida por Margot. O livro é a primeira parte de uma série de livros conhecidos como Os Romances Valois, compreendendo A Rainha Margot, A Dama de Monsoreau e Os Quarenta e Cinco. Essa série abrange todo período histórico que compreende o final do reinado de Carlos IX, passando pelo massacre na Noite de São Bartolomeu, finalizando com o reinado de seu irmão, Henrique III, último rei da dinastia Valois.
Foi neste livro que o diretor Patrice Chéreau se baseou para criar o filme Rainha Margot, lançado em 1994. No elenco, nomes como Isabelle Adjani como Margot e Virna Lisi, como Catarina de Médici. O filme teve muitas indicações, inclusive para o Oscar, tendo ganho o Prêmio Especial do Júri do Festival de Cannes de 1994 e Virna Lisi vencendo na categoria de melhor atriz, no mesmo festival.
Mais recente, em 2017, temos o livro do escritor britânico Ken Follet, chamado Coluna de Fogo, contando a história dos conflitos entre católicos e protestantes no Reino Unido, passando pelo massacre da Noite de São Bartolomeu.
É, ao que parece, desde que o movimento protestante surgiu dentro do meio cristão, os conflitos entre católicos e protestantes, não tiveram mais fim. O que não acontece com nosso episódio de hoje, que vai chegando ao seu final.
Este é o podcast Mundo Espiritual e a produção, edição e a apresentação são minhas, Carlos Biella e o Hugo Biella é que faz a arte das capas dos episódios.
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Espero que tenha contribuído para mostrar um pouco do que foi o massacre da Noite de São Bartolomeu e todo o contexto político e religioso envolvido.
É importante termos conhecimento de como essas disputas religiosas foram tão violentas, especialmente nos séculos XVI e XVII, com católicos e protestantes matando-se uns aos outros às centenas de milhares. Cristãos matando cristãos.
Sabemos que muitos conflitos se seguiram pelos séculos, após esse fatídico evento, com conflitos chegando até os dias atuais, em muitos lugares no mundo todo, muitas vezes sendo uma combinação de fatores étnicos, políticos, econômicos, religiosos e sociais. Basta lembrar de um domingo, 30 de janeiro de 1972, quando soldados britânicos mataram 14 manifestantes católicos na Irlanda do Norte, num incidente que ficou conhecido como Domingo Sangrento. Lembram-se da música do U2, Sunday Bloody Sunday? Ela fala sobre isso.
Bem, nós vamos ficando por aqui, mas deixo vocês com a música Turba enfurecida, do grupo mineiro, formado em 2008 em Belo Horizonte, Vitroles. Prestem atenção à letra desta música que, entre outras coisas, faz alusão à Noite de São Bartolomeu. https://youtu.be/iiPK-Ryupp4
Fiquem todos em paz, seja você, católico ou protestante, espírita, cristão, muçulmano, judeu, budista ou de qualquer denominação religiosa ou mesmo sendo ateu ou agnóstico. E até nosso próximo episódio.





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