MÚSICA DA ALMA # 15 - O MUNDO É UM MOINHO
- Carlos A. Biella

- 18 de jun.
- 6 min de leitura

O mundo é um moinho.
Essa música é um verdadeiro alerta sobre a dureza e a implacabilidade da vida, especialmente em relação aos nossos sonhos e ilusões, que podem ser triturados, como num moinho. É disso que fala essa música. Quer saber mais, então vem comigo.
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Eu sou Carlos Biella e a produção, edição e apresentação são minhas e a parte gráfica fica por conta do Hugo Biella.
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A linda música O mundo é um moinho, foi composta por Angenor de Oliveira, mais conhecido por Cartola e é uma das mais belas músicas compostas por ele. Foi composta em 1975 e pode ser considerada um clássico da musicalidade brasileira.
Cartola, nasceu em 1908 no bairro do Catete, no Rio de Janeiro e começou sua carreira musical na década de 1920.
Em um dos momentos mais difíceis de sua vida, Cartola escreveu a canção O Mundo é um Moinho. Ele havia passado longos anos afastado da música, trabalhando como servente de obras e como pedreiro e neste período, Dona Zica, sua esposa, havia adoecido gravemente, o que levou Cartola a cuidar da esposa em tempo integral.
Foi durante este período que Cartola compôs O Mundo é um Moinho.
Trata-se de um samba canção que traz temas como saudade, amor e tristeza, falando sobre como a vida é passageira e como as coisas boas são transitórias, comparando tudo isso a um moinho, que vai moendo tudo.
Apesar de ter sido composta em 1975, somente em 1976 ela foi gravada, no álbum Cartola II.
Após seu lançamento, a música fez grande sucesso e vem sendo gravada por inúmeros interpretes, tornando-se, assim, uma das mais importantes canções da música brasileira.
Ao fundo estamos ouvindo a Orquestra Petrobrás Sinfônica, do Rio de Janeiro, no concerto Tributo à Cartola, em 2018. https://youtu.be/oFYFumIw0tA
É uma música que traz uma mensagem profunda sobre a vida e sobre as decepções que muitas vezes ela nos traz. Sua letra, que é quase um poema e sua melodia suave, são capazes de tocar fundo na alma de quem a ouve.
Sua mensagem é atemporal e fala sobre se continuar a manter a fé, mesmo frente às adversidades e de não se deixar corromper pelas ilusões do mundo.
Sem dúvida, é uma canção que nos ensina a olhar para a vida por uma perspectiva mais profunda, nos levando a refletir sobre o que realmente nos é importante.
É um ensinamento sobre as durezas da vida e sobre o cuidado que precisamos ter a respeito de nossas decisões.
Existem algumas teorias sobre o que teria motivado Cartola a compor esta canção, ao que parece ter sido para sua filha adotiva, Creuza Francisca dos Santos.
Pesquisando para este episódio, me deparei com um artigo publicado pelo jornal Hora do Povo em 2013, onde o poeta gaúcho Sidnei Schneider escreve o seguinte, baseando-se no depoimento de familiares de Creusa:
[...] Irinéa dos Santos, a mais velha dos cinco filhos de Creuza, disse que Cartola compôs 'O mundo é um moinho' ao refletir sobre o que reservaria a vida para Creuza, então uma menina de 16 anos, que passava a se interessar pelos rapazes. Preocupações de qualquer pai amoroso em relação a sua filha, às quais é preciso somar a noção de liberdade artística. Cartola, igual a qualquer compositor, devia interessar-se pelo que a canção podia dizer aos outros e jamais a reduziu à situação doméstica [...]
Independente da motivação, é uma das mais belas canções da música brasileira.
Aqui Cartola, com o violão de Guinga e a flauta de Altamiro Carrilho na introdução. Simplesmente, fantástico! https://youtu.be/dB6mPGLj2J8
Cartola apresentou a música a Beth Carvalho, que a gravou em 1977 no álbum Nos Botequins da Vida, fazendo um enorme sucesso.
O incrível é que Cartola achava que Beth não deveria gravá-la.
Ouçam esse trecho de um áudio onde os dois conversam, gravado em fita K7, que encontrei na internet. Ao que parece, Cartola estaria apresentando a música pela primeira vez, à Beth Carvalho. https://youtu.be/ULf5t8Dzcpk
Mas, Beth Carvalho acabou gravando a música e a transformando em uma das suas obras primas... https://youtu.be/HcL6YizlcQ4
Outra gravação marcante desta canção ficou por conta de alguém que tinha o nome muito parecido com o verdadeiro nome de Cartola, que era Angenor. Trata-se de Agenor de Miranda Araújo Neto, mais conhecido por Cazuza.
Aqui o áudio original da gravação de Cazuza para o disco Cartola Bate Outra Vez de 1988.
Uma das grandes interpretações desta música é a de Ney Matogrosso, que também gravou a canção em 2002, no álbum Ney Matogrosso interpreta Cartola.
Não tenho dúvida de que esta é uma poesia em forma de canção.
E a poesia aparece logo no título, onde Cartola aponta o mundo com sendo um moinho, como a nos alertar para cuidarmos para que ele, o mundo, não triture nossas ilusões.
Ainda é cedo, amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar
Logo no início, o eu lírico parece falar com alguém, dizendo que ainda é muito cedo e que este alguém, um ser amado, ainda nem começou a aprender sobre o que é a vida, sem ter ao menos um rumo a tomar.
Preste atenção, querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és
Cartola usa a expressão querida, o que nos leva a entender que o eu lírico estaria falando com alguém do sexo feminino.
Esse alguém estaria decidido, talvez a se deixar levar pelas ilusões da vida, e o eu lírico estaria lamentando sobre isso, alertando sobre, a cada esquina um pouco dela vai sendo perdido.
Por isso, alerta que, caso continue assim, não poderá mais se perceber e nem se reconhecer como quem é, de verdade.
Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões a pó
Cartola, nesta parte da canção, num tom de aconselhamento, trata a pessoa de uma forma muito carinhosa, alertando-a sobre o mundo ser um lugar perigoso, onde os sonhos podem ser triturados.
Ele alerta que o mundo pode transformar os sonhos em pó.
Preste atenção, querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com os teus pés
Aqui, talvez, um alerta para as desilusões amorosas na vida, alertando sobre a possibilidade de se perder diante do cinismo de muitos amores e do perigo de se jogar num abismo que, provavelmente por imaturidade, o próprio ser amado cavou.
É ou não é uma linda poesia em forma de canção?
Uma das maneiras de entender a letra desta canção é o alerta de um pai para que a sua filha acorde diante da vida, antes que seja tarde e que ela faça escolhas erradas.
Em 2007 foi lançado o documentário Cartola - Música para os Olhos, dirigido por Lírio Ferreira e Hilton Lacerda. Em um determinado trecho do documentário, Cartola aparece ao lado de seu pai, Sebastião de Oliveira, depois de mais de 40 anos afastados. Neste encontro Cartola pergunta o que o pai quer que ele toque e seu pai pede O mundo é um moinho.
Pois é, o mundo é um moinho, por isso, cuidado com os sonhos e planos que você tem, pois eles podem ser triturados pela vida. Mas, mesmo assim, siga em frente, sonhando e buscando realizar seus sonhos.
Nós vamos ficando por aqui, mas em ritmo de samba, com o Quinteto S.A. num show ao vivo no Mercado Municipal de Floripa, em 2020. https://youtu.be/zOLP9kviFoQ
Este é o podcast Música da Alma e eu sou Carlos Biella e a produção, edição e apresentação são minhas e a parte gráfica fica por conta do Hugo Biella.
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Música da Alma, um podcast para te provocar emoções.
O mundo é um moinho é um verdadeiro alerta poético, feito por Cartola, sobre a dureza da realidade e a perda da inocência e, independentemente da inspiração, a canção continua a emocionar e nos fazer refletir sobre nossas escolhas e os desafios da vida.
Fiquem todos em paz e até o nosso próximo episódio.





Música linda! Lindo poema